O tema da governança clínica tem estado cada vez mais em voga no setor da Saúde. Para entender o porquê, precisamos voltar um pouco no tempo e ir até o Reino Unido, na década de 1990, onde tudo começou.
Na época, o Serviço de Saúde Nacional do Reino Unido (National Health Service – NHS) enfrentava uma série de crises e desafios. Sucessivos escândalos envolvendo cuidados inadequados, e até mortes evitáveis, destacavam falhas sistêmicas na qualidade dos cuidados e na supervisão médica.
Com isso, pacientes, profissionais de Saúde e a população começaram a exigir um Sistema mais transparente, seguro e eficiente, que oferecesse serviços de alta qualidade. Assim, o Governo Britânico, buscando modernizar e melhorar o NHS, iniciou uma série de reformas políticas.
O conceito de governança clínica foi então desenvolvido como parte de uma reforma mais ampla. Passou-se de um enfoque puramente administrativo e econômico para um que priorizava a qualidade clínica, a segurança do paciente e a melhoria contínua dos serviços de Saúde.
E se a sua clínica ainda não segue os pilares propostos pela governança clínica, esta é a hora certa para começar a pensar sobre o assunto!
Neste artigo, vamos aprofundar um pouco mais a respeito de:
A ideia de governança em uma instituição está ligada a um conjunto de regras criadas para organizar os princípios e processos da gestão de uma empresa.
Tais regras visam assegurar o cumprimento de Leis e Normas, bem como o bom desempenho.
Enquanto a gestão se preocupa com um resultado eficiente e, para isso, planeja, executa e controla, a governança é o que direciona essa gestão, pois se debruça em avaliar, dirigir e monitorar sua atuação, com foco na efetividade e na economicidade do negócio.
A governança clínica, portanto, é um sistema que visa garantir a qualidade e a segurança do cuidado em instituições de Saúde.
Esse conceito engloba uma série de práticas, processos e estruturas que promovem melhoria contínua, responsabilização e transparência na prestação de serviços de Saúde, garantindo que os serviços prestados sejam eficazes, seguros e centrados no paciente.
O conceito de governança clínica foi introduzido no Brasil em meados dos anos 2000. Apesar de levar em consideração as especificidades do sistema de Saúde do País e as particularidades de cada região, a finalidade era a mesma: trazer mais transparência ao setor, qualidade e padronização no atendimento e aumento da segurança do paciente.
Um exemplo é o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, lançado em 2011.
O Ministério da Saúde contou com parcerias e colaborações entre diferentes setores, incluindo universidades, instituições de pesquisa, organizações não governamentais e entidades internacionais, para criar normas e regulamentações específicas para padronizar práticas e assegurar a qualidade dos serviços.
Dessa forma, as instituições de Saúde passaram a estabelecer estruturas de governança clínica, como comitês de qualidade e segurança, para supervisionar e coordenar as iniciativas de melhoria.
Podemos elencar os pontos a seguir como sendo os principais objetivos da governança clínica:
É fundamental entender o que baseia a governança clínica. Por isso, vamos te apresentar os quatro pilares que a compõem.
Quando falamos em Experiência do paciente, estamos nos referindo à percepção e à satisfação dos pacientes em relação aos cuidados recebidos em uma clínica médica.
Isso abrange desde o primeiro contato, como no agendamento, a recepção, o atendimento em si, o tratamento e a comunicação no pós-atendimento.
Sabemos que quando o paciente tem uma experiência positiva, as chances de adesão ao tratamento são muito maiores e, consequentemente, a recuperação e a confiança no sistema de Saúde aumentam também.
Algumas atitudes que podem servir de base para as diretrizes que irão compor a governança clínica, no que diz respeito à experiência do paciente, são:
Para a governança clínica, a Gestão de riscos envolve a identificação, avaliação e mitigação de riscos que possam afetar a segurança dos pacientes e a qualidade dos cuidados.
Isso é de fundamental importância, pois são essas diretrizes que irão ajudar a prevenir danos e melhorar os resultados de modo geral.
O primeiro passo é se atentar a todas as Normas já estabelecidas, como, por exemplo, a Norma Regulamentadora 32, que tem como principal objetivo determinar as condições básicas para a implementação de medidas preventivas.
Após a análise que avalia os riscos, adotam-se medidas para mitigá-los ou eliminá-los. Esse deve ser um processo contínuo.
O pilar Efetividade e eficiência diz respeito à capacidade de produzir os resultados desejados e de alta qualidade, baseados em práticas e tratamentos comprovados cientificamente, e sem desperdício de recursos.
Esse pilar visa assegurar que os cuidados prestados sejam os melhores possíveis para os pacientes e exige uma medição contínua.
Além disso, contribui para a sustentabilidade do sistema de Saúde e a melhor utilização dos recursos disponíveis.
Para garantir esse pilar da governança clínica se faz necessária a otimização e o uso racional de todos os recursos: humanos, materiais e financeiros.
Adotar Procedimentos Operacionais Padrão (POP) pode ajudar, bem como a utilização de sistemas que automatizam processos, como um software médico de gestão, por exemplo.
O pilar da Auditoria clínica requer a criação de processos sistemáticos de revisão e avaliação das práticas clínicas, visando assegurar que os padrões de qualidade e segurança estão sendo mantidos.
Ou seja, revisar casos clínicos para avaliar a qualidade dos serviços prestados; comparar com padrões já estabelecidos; adotar uma cultura de feedback e melhoria contínua, implementando ações corretivas baseadas nos resultados da Auditoria.
A Auditoria clínica também se compromete com a transparência, gerando relatórios e comunicando resultados, buscando responsabilização.
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Implementar a governança clínica em uma clínica médica requer um esforço coordenado e contínuo.
É essencial garantir o comprometimento da liderança, capacitar a equipe, estabelecer estruturas e processos claros, monitorar e avaliar continuamente o desempenho, e envolver ativamente os pacientes.
Confira os passos que possibilitam criar um ambiente de cuidados de saúde seguro, eficaz e centrado no paciente, promovendo uma cultura de qualidade e melhoria contínua.
Faça uma avaliação da situação atual da sua clínica em termos de qualidade, segurança e processos clínicos. Identifique pontos fortes e áreas de melhoria.
Com a análise em mãos, estabeleça objetivos diretos e mensuráveis para a governança clínica, alinhados com a missão e visão da clínica.
Agora, é preciso haver o comprometimento e o apoio da liderança, isto é, da diretoria, para a implementação da governança clínica.
Tendo isso, nomeie um responsável ou uma equipe de governança clínica para liderar o processo.
Crie um comitê multidisciplinar responsável por supervisionar a implementação e monitoramento da governança clínica.
Também pode haver subcomitês focados em áreas específicas, como segurança do paciente, auditoria clínica e gestão de riscos.
Esses comitês serão responsáveis por elaborar políticas e procedimentos para orientar as práticas de governança clínica, bem como os planos de ações para implementá-los.
As diretrizes adotadas devem se basear em evidências para padronizar os cuidados e reduzir a variabilidade. Se julgar necessário, estabeleça parcerias com instituições acadêmicas e de pesquisa.
Adapte e melhore continuamente os processos clínicos e administrativos com base nas melhores práticas e inovações.
A Gestão de riscos e as Auditorias clínicas, por exemplo, precisam ser regulares para revisar os casos e assegurar a conformidade com as diretrizes. Esses processos de revisão precisam ficar bem estabelecidos.
Também é importante realizar um levantamento de ferramentas que facilitem os processos internos e melhorem os resultados, como o uso de um software médico eficiente para a gestão.
Ofereça programas de treinamento contínuo para todos os colaboradores sobre os princípios e práticas da governança clínica.
Isso pode ser feito através de workshops e seminários regulares para discutir temas relacionados à qualidade e segurança, por exemplo.
Além disso, é importante incentivar uma cultura onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado e melhoria.
Para isso, promova uma comunicação aberta e honesta entre todos os membros da equipe. Forneça feedback aos profissionais de Saúde e implemente melhorias baseadas nos resultados das auditorias.
É bastante valoroso incluir os pacientes nas decisões sobre seus cuidados e no desenvolvimento de políticas de governança clínica.
Colete feedbacks sobre a qualidade dos cuidados recebidos, por meio de pesquisa de satisfação, por exemplo, assim, é possível identificar áreas de melhoria e implementar ações corretivas, caso necessário.
A acreditação de instituições de Saúde, promovida por organizações como a Organização Nacional de Acreditação (ONA), tornou-se uma ferramenta importante para incentivar e validar a implementação de práticas de governança clínica.
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Defina indicadores de desempenho para monitorar a qualidade e a segurança dos cuidados.
Nesse aspecto, a tecnologia também pode ajudar. Utilize sistemas de informação para coletar e analisar dados clínicos e administrativos.
Realize avaliações periódicas para revisar o progresso em relação aos objetivos estabelecidos.
Elabore relatórios regulares para compartilhar os resultados com a equipe e outras partes interessadas.
No Brasil, a introdução da governança clínica tem contribuído para melhorias significativas na qualidade e segurança dos cuidados de Saúde.
No entanto, o processo de implementação é contínuo e enfrenta desafios, como a escolha de ferramentas adequadas e o envolvimento dos profissionais de Saúde.
Um software médico de gestão confiável pode ser uma ferramenta poderosa para implementar a governança clínica em uma clínica médica.
Ele pode integrar e automatizar muitos dos processos necessários para garantir a qualidade, segurança e eficiência dos cuidados de saúde.
O ProDoctor pode ajudar a implementar os quatro pilares da governança clínica.
Na Experiência do Paciente, o ProDoctor pode deixar a recepção da clínica muito mais ágil com recursos inteligentes, como Painel de Chamadas, com a Agenda Médica e a Agenda de Salas e Equipamentos.
Além disso, o serviço de confirmação de consultas facilita a vida do paciente, que não esquece do compromisso, e da secretária, que mantém a agenda sempre preenchida.
Outra comodidade é a plataforma de Telemedicina do ProDoctor, eleita case global da Amazon AWS.
Sobre a Gestão de riscos, o ProDoctor pode ajudar na hora da prescrição, por exemplo. O recurso de prescrição eletrônica é atrelado ao ProDoctor Medicamentos, uma plataforma completa que auxilia a criação da receita digital alertando sobre posologia, dentre outras informações importantes ao paciente, além de evitar a temida “letra ilegível“.
Em relação a riscos de exposição de dados dos pacientes, isto é, cibersegurança, o ProDoctor oferece aplicações nativas e banco de dados isolados por cliente, medidas de segurança que praticamente impossibilitam o risco de roubo de informação em massa por hackers. Somos os únicos que trabalhamos desta forma no mercado de Saúde Digital.
Por fim, o ProDoctor é totalmente parametrizável e se ajusta à realidade da sua clínica. Estamos sempre disponíveis para auxiliar e acompanhar todas as suas dúvidas ou necessidades de adequação do sistema à sua gestão.
Já em relação ao pilar da Efetividade e Eficiência, as automações que o ProDoctor realiza, como geração de relatórios, faturamento, organização de filas de atendimento, registros do paciente no Prontuário Eletrônico, otimiza processos, reduz a carga de trabalho manual e, consequentemente, os erros.
Por fim, para a Auditoria Clínica, o ProDoctor mantém registros eletrônicos completos e precisos de todas as atividades clínicas, facilitando auditorias internas e externas.
A análise de dados também é facilitada no ProDoctor, devido aos diversos relatórios personalizados sobre a conformidade com diretrizes e protocolos, ajudando na preparação para auditorias.
Além disso, com os Dashboards é possível monitorar indicadores de qualidade e identificar áreas de melhoria.
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Esperamos que este artigo tenha sido útil para você e desejamos boa sorte no seu processo de implementação da governança clínica na sua instituição de Saúde.