Anamnese médica: o que é, tipos e como realizar uma boa entrevista clínica
A anamnese médica é uma das etapas mais importantes da consulta clínica, sendo determinante para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Para quem está iniciando na profissão ou mesmo para médicos experientes, aprimorar essa habilidade é essencial. Afinal, saber conduzir uma entrevista clínica com empatia e método pode representar mais de 70% da hipótese diagnóstica, segundo especialistas.
Neste artigo, você vai entender seus tipos, etapas e como conduzir essa prática com excelência, com dicas que podem ser aplicadas diretamente na rotina clínica. Confira.
- Significado
- O que o CFM fala sobre isso?
- Qual é a importância dela para o diagnóstico clínico?
- Quais são os principais tipos utilizados na medicina?
- Quais são as etapas essenciais de uma anamnese completa?
- Como a tecnologia pode auxiliar na realização?
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O que significa anamnese

A palavra vem do grego: “aná” (trazer de volta) e “mnesis” (memória).
Na prática médica, é o processo de coleta sistematizada de informações sobre a saúde do paciente por meio de perguntas diretas e escuta ativa.
Ela representa o primeiro contato entre o médico e o paciente e funciona como ponto de partida para todo o processo diagnóstico.
Durante essa entrevista, o profissional reúne dados sobre sintomas, histórico de doenças, estilo de vida, antecedentes familiares e outros fatores relevantes para a avaliação clínica
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O que o CFM fala sobre anamnese?
A realização da anamnese está prevista na Resolução 2056/2013 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que determina sua obrigatoriedade em qualquer ambiente de atendimento médico, seja hospitalar, ambulatorial ou em consultórios.
Os artigos 49 a 51 dessa resolução destacam que os registros devem fazer parte do prontuário médico, junto ao exame físico, prescrições e evoluções clínicas. Esse registro é obrigatório e deve seguir padrões éticos e técnicos, resguardando tanto o paciente quanto o profissional.
Qual é a sua importância para o diagnóstico clínico?
Quando falamos em anamnese médica e sua importância, estamos tratando da base para qualquer diagnóstico clínico bem-sucedido. Ao ouvir o paciente com atenção, o médico pode reunir pistas valiosas sobre a origem dos sintomas e suas possíveis causas.
Você sabia que mais de 70% dos diagnósticos podem ser definidos apenas com base nas informações colhidas ali?
Essa estatística é reforçada pela médica e cirurgiã-dentista Anavera H. Lisboa, especialista em Saúde Pública pela UFMG, que afirma:
“A anamnese leva à hipótese diagnóstica em mais de 70% das vezes.”
Mais que coletar dados, esse registro cria um vínculo de confiança, essencial para que o paciente se sinta seguro ao compartilhar informações sensíveis. Esse processo favorece a adesão ao tratamento e fortalece a relação médico-paciente, resultando em melhores desfechos clínicos.
Além disso, todas as informações coletadas são armazenadas no prontuário, garantindo continuidade no cuidado e servindo como referência em retornos futuros.
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Quais são os principais tipos de anamnese utilizados na medicina?

Os principais tipos de anamnese são:
- Completa: investigação detalhada da saúde geral do paciente, incluindo histórico familiar, social e patológico.
- Dirigida: foca em queixas específicas ou em um sistema orgânico, geralmente usada em atendimentos de urgência.
- Obstétrica e ginecológica: voltada à saúde da mulher, com enfoque no ciclo menstrual, histórico de gestações, entre outros.
- Pediátrica: adaptada para crianças, com participação ativa dos pais ou responsáveis.
- Ocupacional: analisa os riscos à saúde relacionados à profissão do paciente.
Cada tipo exige uma abordagem distinta, mas todos compartilham a necessidade de escuta ativa, empatia e atenção aos detalhes.
Quais são as etapas essenciais de uma anamnese completa?
A seguir, destacamos as etapas fundamentais que garantem um levantamento amplo, organizado e preciso.
1. Identificação
Inclui nome completo, idade, sexo, estado civil, profissão, telefone, endereço, raça/cor da pele e procedência. Esses dados ajudam na organização do prontuário e no entendimento do contexto do paciente.
2. Queixa principal (QP)
Deve ser registrada com as próprias palavras do paciente. Ele relata o motivo da consulta e os sintomas que o incomodam.
3. História da Doença Atual (HDA)
O paciente detalha o início, evolução, intensidade e localização da dor, além de tratamentos anteriores. O relato deve ser cronológico e claro.
4. História Patológica Pregressa (HPP)
Aqui são registrados eventos passados relevantes: doenças crônicas, hospitalizações, cirurgias e uso atual de medicamentos.
5. História Familiar
Investiga possíveis doenças hereditárias, como diabetes, hipertensão, câncer, tuberculose, entre outras.
6. História Social
Explora hábitos como tabagismo, etilismo, uso de substâncias, rotina de trabalho, atividade física e aspectos psicossociais.
Saber ouvir e organizar o relato do paciente
Saber como fazê-la passa obrigatoriamente pela escuta ativa. Isso significa ouvir com atenção, sem interrupções, e criar um ambiente acolhedor para que o paciente se sinta seguro para compartilhar suas dores.
Tenha sempre em mente que o prontuário é de suma importância, mas prontuário não fala. Quem fala é o paciente. E você precisa saber, com calma e em detalhes, as motivações que o levaram a buscar uma solução para seus problemas e queixas de saúde. Primeiramente, é preciso criar um ambiente tranquilo, a fim de que o paciente se sinta confortável e disposto a falar livremente.
Claro que existem anotações imprescindíveis, que devem ser feitas no instante em que a informação é dada. Só para ilustrar: nomes dos medicamentos em uso. Uma boa técnica é você treinar bem a mente para guardar os registros.
E, não repita o erro de tantos colegas que sequer olham no rosto do paciente, pois ficam mergulhados na escrita ou na digitação. Ou você nunca ouviu reclamações nesse sentido?
Portanto, é preciso criar uma empatia desde o início, já no sorriso aberto, recebendo o paciente enquanto entra no consultório. Deixe-o à vontade, para ter a sensação de que você o considera realmente importante e quer ajudá-lo.
Relação médico-paciente
É a partir da confiança e do respeito à confidencialidade que você cria os vínculos que permitirão estabelecer uma boa relação médico-paciente. Em um ambiente que se sinta acolhido e com a certeza de que você está ali para ajudá-lo a superar as dores, o paciente, com toda a certeza, vai aderir mais facilmente ao tratamento, colaborando para sua própria recuperação.
Além da educação e da empatia, é preciso haver um diálogo claro, que não deixe dúvidas sobre a narrativa. Certamente, os seus conhecimentos e a sua sensibilidade serão importantes para, objetivamente, entender e interpretar as queixas e a história de dor do paciente. O seu respeito e, também, a sua sinceridade, deixarão o paciente tranquilo e à vontade.
Isso reforçará a importância do prontuário médico, que será enriquecido com os detalhes que o paciente julgar mais relevantes. Dessa maneira, quando você for estudar todo o histórico sobre o passado do paciente, sua história familiar e psicossocial, terá como contextualizar as informações e não ficar preso apenas aos principais sintomas narrados.
A anamnese perfeita é uma via de mão dupla, que começa com o estabelecimento de um diálogo que vai crescendo e enriquecendo de conteúdo. Principalmente, a partir do momento em que o paciente perder o medo de falar detalhes que possa considerar improcedentes.
Além disso, é importante destacar que, muitas vezes, o paciente ainda se sente inseguro. Então, é preciso ir além da interpretação verbal, atentando para suas reações faciais e gestuais.
Como a tecnologia pode auxiliar na realização da anamnese médica?
O uso de um software médico completo e intuitivo transforma a forma como os profissionais de saúde conduzem e documentam a anamnese. É o caso do ProDoctor, que oferece uma série de funcionalidades voltadas à otimização do atendimento e à segurança clínica.
No Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) da plataforma, a história clínica é organizada de forma cronológica, facilitando o acompanhamento evolutivo e a revisão de eventos importantes. Isso permite que o médico localize com rapidez informações relevantes, como anamneses anteriores, prescrições e condutas adotadas.
Além disso, é possível aplicar filtros inteligentes para destacar registros específicos da história clínica, como sinais de alerta, diagnósticos, CID e palavras-chave utilizadas. Essa funcionalidade foi demonstrada de forma prática neste vídeo:
Outro destaque é a visualização simultânea da evolução clínica com recursos como “Pontos de Interesse”, que exibe todos os registros marcados com alertas, CID e palavras-chave utilizados nas anamneses e evoluções do paciente. Isso oferece ao médico uma visão rápida e integrada do que é mais relevante no prontuário do paciente:

Também é possível anexar exames laboratoriais, imagens, PDFs e outros documentos diretamente no prontuário, centralizando todas as informações em um só lugar e reduzindo o risco de perda de dados.
Com todas essas funcionalidades, o ProDoctor garante mais agilidade na consulta, favorece a tomada de decisão e promove uma experiência clínica mais eficiente e segura para médico e paciente.
Prontuário eletrônico
O prontuário é um quadro que vai sendo montado a partir da triagem dos parâmetros clínicos. O cruzamento de todas as informações permitirá levantar hipóteses até se chegar ao melhor diagnóstico.
Com toda a certeza, realizar uma boa entrevista no primeiro contato pessoal com o paciente é fundamental, a fim de que o médico faça uma avaliação abrangente das condições de saúde. Então, terá elementos suficientes para definir de forma mais rápida um diagnóstico.
O prontuário eletrônico também assegura o armazenamento seguro dos dados do paciente, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ele é uma ferramenta indispensável para o registro sistemático das informações levantadas na anamnese, facilitando o acompanhamento da evolução clínica ao longo do tempo.
Conclusão
Entender o que é anamnese e como aplicá-la na rotina clínica é uma habilidade indispensável para médicos e profissionais da saúde. A entrevista bem feita vai além da técnica: é um ato de cuidado, atenção e empatia.
Dominar os tipos, aplicar cada etapa com sensibilidade e usar a tecnologia como aliada são passos fundamentais para quem busca excelência na prática clínica.
Afinal, essa é uma relação que implica em consentimento mútuo, abrangendo um diálogo livre e de confiança com o paciente, tendo a certeza de que você está ali com o intuito de colocar o bem-estar de quem sofre acima de qualquer interesse.
Isso é mais do que medicina. É humanidade, é compaixão. E é isso que o paciente espera encontrar em quem escolheu para aliviar suas dores.
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