A Retrospectiva da Saúde 2020 concentra-se na pandemia do Coronavírus (denominado SARS–CoV-2). Não apenas pela ameaça que representa por ainda ser algo desconhecido, como também por seus efeitos catastróficos em todos os setores da sociedade.
As tragédias diárias se repetiram em todos os pontos do planeta. Além de disseminar o medo e o pânico, o vírus desconhecido também levantou polêmicas e suspeitas, dúvidas e teorias conspiratórias.
Entretanto, ao desafiar a Medicina e a Ciência, revelou ao mundo o lado heroico de profissionais da Saúde lutando incansavelmente para salvar vidas.
A ProDoctor Software traz neste post a primeira parte da Retrospectiva da Saúde 2020. Acompanhe os seis primeiros meses de um ano que só terminará no calendário, uma vez que suas tristes lembranças permanecerão para sempre.
Nossa Retrospectiva da Saúde 2020 começa com o registro, na China, das primeiras mortes pelo novo Coronavírus. Envolto em mistério, o número de mortos e infectados começou a aparecer no noticiário e, em poucas semanas, o medo se instalava: 200 mortes e 10 mil infectados. No Brasil, os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná anunciaram, no final do mês, os três primeiros casos suspeitos de Covid-19. Entretanto, não foram confirmados.
Todavia, a triste notícia não tardou. No dia 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de Coronavírus no Brasil. Logo depois, alguns estudos colocaram no ar indícios de que já havia contaminação anterior. Duas semanas antes, no dia 9, os 34 brasileiros que estavam em Wuhan (China), epicentro do surto, foram repatriados. Após desembarcarem na Base Aérea de Anápolis (GO), permaneceram 18 dias em quarentena, junto com a equipe responsável por seu resgate. Nenhum deles, porém, deu positivo para o Coronavírus.
Ao mesmo tempo, em todos os cantos do planeta eram registrados novos casos.
O primeiro caso confirmado no Brasil veio de uma contraprova realizada no Instituto Adolfo Lutz (SP): um senhor de 61 anos de idade, que esteve trabalhando na Itália entre 9 e 21 de fevereiro. No dia 24, foi atendido no Hospital Israelita Albert Einstein. A suspeita foi confirmada oficialmente pelo Ministério da Saúde.
Em seguida, outra confirmação, com um homem de 32 anos de idade e que chegou a São Paulo procedente também da Itália (Lombardia).
Desse modo, a notícia se espalhou como rastilho de pólvora Brasil afora. Então, no final do mês começa a corrida às lojas, farmácias e supermercados. Atônitas, diante de um inimigo desconhecido, as pessoas se movimentam com o intuito de garantir os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) básicos, estocando por exemplo, máscaras, álcool em gel e até papel higiênico.
Como resultado, os produtos começam a sumir das prateleiras, com o mercado acusando, além disso, um aumento abusivo dos preços.
Para entender o Coronavírus.
O registro de milhares de mortes tornaram a Itália o novo epicentro da Covid-19. No resto do planeta, as imagens que chegavam de caminhões do Exército italiano transportando corpos chocaram o mundo, uma vez que mostrava a realidade de uma ameaça com poder de matar em uma velocidade espantosa.
Depois de polêmicas e cobranças, no dia 11, finalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19. Ao mesmo tempo, os números atestavam: 118 mil casos em 114 países, com 4.291 mortes. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a coletiva de imprensa naquela quarta-feira.
Como os profissionais de Saúde devem se cuidar contra o Coronavírus.
A partir da segunda semana, verifica-se no Brasil uma grande preocupação com relação à necessidade de se adotar medidas de isolamento social e de higiene. Dessa maneira, em todo o País, empresas e órgãos do Governo passam a adotar o home office. Além disso, a maioria das escolas e universidades resolve suspender as aulas presenciais.
Então, no dia 11, o Ministério da Saúde edita uma portaria regulamentando as medidas para enfrentar a pandemia oficialmente nomeada pela OMS.
Nesse sentido, determina que sejam separadas as pessoas contaminadas, quer sejam sintomáticas, quer sejam assintomáticas. Dessa maneira, pretende evitar a propagação da infecção e a transmissão local. Em seguida, municípios e estados publicam decretos acerca das condições de isolamento social, do fechamento do comércio e com relação à proibição de aglomerações.
São Paulo decreta estado de calamidade pública, sendo seguido por vários municípios brasileiros.
Oficialmente, a primeira vítima fatal da Covid-19 no Brasil foi reconhecida no dia 17 de março em São Paulo: um senhor de 62 anos. Antes do fim do mesmo mês, o número de mortes ultrapassa a primeira centena, com São Paulo e Rio de Janeiro liderando a trágica estatística.
Então, autoridades governamentais e associações médicas acendem o sinal de alerta, uma vez que há uma grande ameaça de sobrecarga dos leitos de UTIs em todo o País. Ao mesmo tempo, a necessidade de achatar a curva de expansão do vírus, com o intuito de desafogar os hospitais, também preocupa as autoridades.
Por isso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou que o sistema de Saúde enfrentaria “dias de muito estresse”. Então, a preocupação passa a ser não só com os leitos, mas também com os respiradores e os kits para testes da Covid-19.
Além disso, o Governo brasileiro faz um alerta sobre a falta de médicos para atender os casos de Coronavírus. Em seguida, o Ministério da Saúde publicou dois editais de chamamento público para contratar 5 mil médicos através do Programa “Mais Médicos”.
Em seguida, começou uma longa crise no combate à pandemia. A Política entrou em cena no dia 24, quando o presidente Jair Bolsonaro pediu o fim do isolamento social como estratégia, a fim de evitar a disseminação da doença. Além disso, atacou a Imprensa e parte dos governadores. Como resultado, quase todos os governadores, incluindo antigos aliados do presidente, romperam com Bolsonaro.
Da mesma forma, no dia 25, os presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina de todo o Brasil manifestaram solidariedade ao então ministro Mandetta. O Conselho Federal de Medicina (CFM), no dia seguinte, lançou a plataforma para médicos denunciarem a falta de EPIs e falhas nas estruturas de atendimento no combate ao vírus.
Abril despedaçado! A Covid-19 estava disseminada em todo o território nacional. Inúmeros municípios aderiram à quarentena e ao isolamento social. Enquanto isso, o número de mortos chegou a 1000.
Embora não haja qualquer comprovação científica de sua eficácia para combater o Coronavírus, a cloroquina foi o foco de uma arrastada polêmica que dividiu opiniões. Utilizado no Brasil sobretudo para tratamento de sintomas da malária, o medicamento passou a ser considerado por alguns médicos e pesquisadores como a única esperança de tratamento.
O que antes era discussão científica transformou-se em objeto de manipulação política. Assim, os apoiadores do presidente defendiam a cloroquina. Por outro lado, os opositores rechaçavam seu uso.
Então, o Ministério da Saúde admitiu recomendar o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, que é um derivado menos tóxico do medicamento, em pacientes da doença com sintomas graves da Covid-19.
É importante ressaltar que, mais recentemente, estudos científicos internacionais indicam que o medicamento não tem eficácia contra o Coronavírus.
O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta é demitido no dia 16 de abril. Conforme pesquisa do Datafolha, deixou o cargo cm uma aprovação de 76% da população. Para o seu lugar, Bolsonaro convocou o oncologista Nelson Teich, que não resistiu à politização do combate ao Coronavírus, ficando na função menos de um mês.
Em caráter excepcional, o Brasil autorizou o uso da Telemedicina enquanto durar a crise decorrente do Coronavírus. A Lei nº 13.989/20 foi publicada no Diário Oficial da União do dia 15 de abril. No dia 31 de março, o tema já havia sido aprovado no Congresso através do Projeto de Lei 696/20.
Enquanto isso, em documento de 11 de abril, a OMS informou que pesquisadores e cientistas de todo o planeta trabalhavam no desenvolvimento de 70 vacinas. Naquele momento, três estavam sendo testadas em humanos, enquanto as outras 67 passavam por uma avaliação pré-clínica.
Ao mesmo tempo, o laboratório Pfizer (EUA) anunciou que sua vacina contra a Covid-19 poderia estar pronta para utilização emergencial durante o outono local (setembro a novembro).
Por outro lado, além da cloroquina, outras drogas, como por exemplo a famotidina, usada contra a azia, e o Remdesivir, eram noticiadas como possíveis alternativas para fazer frente ao vírus.
Mitos e conselhos falsos sobre o Coronavírus.
Com mais de 10 mil óbitos no início de maio, o Brasil ultrapassou a Alemanha no dia 12. Desse modo, alcançou a desonrosa sétima colocação com mais casos de ocorrência da doença: 178.200. Além disso, na mesma data, bateu o recorde de mortes em um mesmo dia: 881. Dessa maneira, elevou para 12.400 vítimas fatais desde o início da pandemia, conforme os números da Universidade Johns Hopkins.
Como resultado, o sistema de saúde de alguns estados chegou muito perto de um colapso. Com o propósito de controlar a crise, governadores e prefeitos passaram a endurecer as medidas de segurança em termos de distanciamento social.
Vários decretaram o “lockdown” (bloqueio total, a medida mais extrema de distanciamento social prevista pelo Ministério da Saúde). Além disso, o uso de máscaras passou a ser exigido com maior rigor, com aplicação de penalidades para aqueles que não respeitassem as determinações.
Conforme levantamento realizado pela “Folha de São Paulo”, em todo o mundo, a marca dos quatro milhões de casos foi alcançada no dia 9. Portanto, foram 12 dias até que o número de casos passasse dos 3 milhões para os 4 milhões. Assim, o Coronavírus estendeu sua tragédia para 187 países, com a morte de cerca de 275 mil pessoas.
No dia 16 de maio, o general Eduardo Pazuello assumiu, interinamente, o comando do Ministério da Saúde.
O desenvolvimento das vacinas contra o vírus SARS-Cov-2 passou a ocupar o noticiário com maior intensidade em junho. Conforme documento da OMS, publicado no dia 24, o número de candidatas a vacina era 141, sendo que 16 delas estavam na fase clínica, ou seja, passando por testes em humanos.
No dia 27, o Ministério da Saúde revelou que o Brasil estabelecera uma parceria para a pesquisa e produção nacional da vacina contra o Coronavírus. O medicamento é desenvolvido pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e o laboratório AstraZeneca.
O acordo prevê não só a transferência de tecnologia, como também a compra de lotes da vacina. Se acaso for comprovada sua eficácia, pelo menos 30,4 milhões de doses deverão ser entregues em dois lotes: 15,2 milhões ainda em dezembro, e 15,2 milhões em janeiro de 2021. A prioridade de imunização abrange as pessoas que integram o grupo de risco e os profissionais do setor de Saúde.
Antes de encerrar o semestre, o Brasil alcançou outra triste marca: foi o segundo país a chegar a 1 milhão de casos confirmados, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Além disso, também é o segundo em números absolutos, com mais confirmações de mortes pela pandemia, mais uma vez atrás dos EUA, com 125 mil mortes.
Enquanto isso, o Grupo Nacional Biotec da China (CNBG), que desenvolve uma das candidatas chinesas à vacina, revelou no dia 28 que os primeiros resultados dos ensaios clínicos sugerem que a imunização seja segura e eficaz. Conforme o anúncio, as doses experimentais levaram à criação de anticorpos “de alto nível” em todos os participantes inoculados em um ensaio clínico de Fase 1 e 2. Foram utilizados mais de 1,1 mil voluntários.
No nosso próximo post, confira os fatos que marcaram o ano na segunda parte da Retrospectiva da Saúde 2020!