A Rede Globo exibiu na noite de ontem (08/08) o 3º episódio da série Sob Pressão, que enfocou a discussão de se desligar ou não os aparelhos de um paciente com morte cerebral e a polêmica dos transplantes.
A divergência de opiniões afetou o relacionamento entre o Dr. Evandro (Julio Andrade), cirurgião-chefe da equipe médica, e a Dra. Carolina Furtado (Marjorie Estiano), cirurgiã vascular. De outro lado foi enfatizada a fé inabalável de Dona Bete (Laila Garin), a mãe do jovem que sofreu um acidente de moto, acreditando até o fim em um milagre.
Saiba mais sobre a produção da série “Sob Pressão”.
Capítulos anteriores
Primeiro episódio de Sob Pressão
Segundo episódio de Sob Pressão
Evandro e Carolina e chegam no hospital junto com o primeiro paciente, Ronaldo Lima Júnior, o rapaz que dirigia sem capacete e que logo é focalizado na mesa de cirurgia. Carolina tem esperanças e quer realizar novos exames, mas Evandro passa uma caneta na planta do pé de Ronaldo e, não detectando nenhuma reação, sentencia que “não tem mais jeito”, relembrando que é preciso agir rápido.
O dilema da doação de órgãos coloca frente a frente a dureza das palavras do Dr. Evandro e a crença da mãe na recuperação do filho. Começa o embate entre Religião e Ciência e de nada adianta lhe dizerem “sinto muito, D. Bete”, “ele pode salvar outras pessoas” e que “está respirando por aparelhos”. “O coração ainda está batendo”, ela retruca. Quando Evandro afirma que “é preciso desligar os aparelhos”, ela devolve: “O senhor acha que é Deus?”.
Evandro e Carolina entram em rota de colisão. O cirurgião está preocupado, pois sabe que corre contra o tempo para tentar salvar a vida de outra pessoa que necessita de um transplante. Já a cirurgiã relembra que a decisão de desligar os aparelhos de um paciente com morte cerebral somente pode ser tomada após ter o consentimento da família do próprio envolvido.
– Se a gente não desligar essas máquinas, o que a gente vai fazer é prolongar o sofrimento – ele argumenta.
– Evandro, ela precisa de tempo – afirma a médica, referindo-se à D. Bete, que permanece inarredável em sua crença de que Deus salvará Ronaldo.
O hospital do subúrbio do Rio de Janeiro continua sua rotina com a chegada de uma jovem atropelada e que não recebeu socorro. Foi levada por um taxista. Samuel (Stepan Nercessian), diretor da instituição, chega e dá de cara com D. Bete lhe pedindo ajuda, pois “eles vão matar meu filho”. Antes de entrar na unidade, ainda dá uma espanada no médico residente e discute com Evandro, a quem manda encarar a realidade. “É o que eu faço aqui todos os dias”, ele devolve.
Apesar da constatação de que o jovem não tem nenhuma atividade cerebral, agora seus familiares e amigos estão agrupados do lado de fora do hospital. Enquanto isso, mais calmos, Carolina e Evandro conversam e ele apela para a fé e diz que ela é a única que pode convencer a mãe a permitir desligar os aparelhos, pois irá ouvi-la. “A equipe de transplante só precisa da autorização”, afirma Evandro.
Bete permanece ao lado de Ronaldo: “Eu sei que você me ouve meu filho. Sou eu, sua mãe, eu não vou deixar você partir”.
Reflexo de Lázaro
De repente, Ronaldo se mexe. De imediato, sua mãe corre para dizer ao médico que pela primeira vez ele levantou os braços. Dr. Evandro tenta acalmá-la e explica que foi apenas um reflexo nervoso chamado Reflexo de Lázaro. E, mais duro, com firmeza diz para ela que é difícil aceitar, mas seu filho morreu.
Em sua dor, D. Bete pergunta: “Qual é o seu problema, doutor?”. A discussão entre os dois cresce e expõe a crueza da realidade, com o médico tentando convencê-la a fazer a doação, pois desligar os aparelhos é a “decisão certa”. Então, ela o questiona se tem filhos e, diante da negativa, afirma que ela tem e que “se depender de mim, ninguém desliga nada”. Irredutível, em uma reunião com outros médicos, sentencia: “Isso é crime, é assassinato. Deus sabe o que faz doutor, e o senhor devia saber disso”.
“A fila precisa andar, a família precisa aceitar”
A polêmica sobre a doação dos órgãos chega ao clímax quando D. Bete é entrevistada pela imprensa, após a Justiça ter deferido o recurso em seu favor. Dr. Evandro se exaspera e diz para a Dra. Carolina que “a fila precisa andar, a família precisa aceitar”. Os dois discutem de forma ríspida, mais uma vez. Do lado de fora, os familiares permanecem em oração e agora, com a presença de jornalistas, mostram frases contra a doação dos órgãos e pedindo para que os aparelhos não sejam desligados.
Mais drogas, mais baleados
No hospital, Carolina é chamada às pressas para atender uma vítima que levou cinco balas perdidas, sendo surpreendida em seu repouso, pois a assistente vê uma cicatriz em sua barriga.
Sacrifício por um bandido?
A polêmica caminha para o desfecho. D. Bete corre desesperada pelo corredor pedindo socorro ao perceber manchas roxas no corpo de Ronaldo. “Alguém me ajuda, meu filho tá morrendo”, grita. Na sequência, Dr. Evandro tenta convencê-la a assinar a autorização para desligar os aparelhos. Outra negativa e a frase marcante em tom acusatório para o médico: “O senhor que sacrificar meu filho para salvar um bandido”.
Evandro conversa com Carolina e diz que ela precisa assinar o óbito, pois o Dr. Rafael já assinou. A médica vai até o setor administrativo e olha os documentos do jovem. Um deles traz a informação de que ele é doador de órgãos. Então, na sequência, ela procura D. Bete e entrega os documentos do filho. Não fala o que viu, deixando que ela mesmo se certifique. Não sabia que Ronaldo era doador de órgãos.
Uma nova vida
Ainda assim, D. Bete tem dúvidas se não há retorno, se todos os testes foram feitos para constatar realmente que o filho faleceu. O convencimento só vem quando, carinhosamente, Carolina lhe diz que “é definitivo” e que a doação permitirá salvar alguém. E acrescenta que não vai conseguir assinar o óbito se ela não autorizar. O diálogo é sensível e tocante. Até o fim, a mãe reluta e afirma que vai ficar a sensação de que desistiu. Carolina a conforta: “A senhora não desistiu. Ele vai viver em outra pessoa”.
O órgão necessário para dar a vida para outra pessoa é retirado com a urgência devida e levado para dentro de uma ambulância no pátio do hospital sob os olhares de D. Bete, abraçada à cirurgiã. Em seguida, a mãe é levada para ver o paciente que recebeu o transplante e Carolina diz:
– Aquele ali é o Sérgio. A família chama ele de Serginho. Ele está com o coração do seu filho. A senhora salvou ele.
– Eu não, foi o meu Naldo – afirma D. Bete.
Cartela
A exemplo dos capítulos anteriores, o tema abordado é ressaltado com a apresentação de uma cartela: “SAIBA COMO SER UM DOADOR DE ÓRGÃOS E SALVAR VIDAS”.