Durante uma apresentação, no dia 19 de dezembro de 2022, na Índia, o Google anunciou que está trabalhando em uma Inteligência Artificial que decodifica prescrição médica ilegível. Segundo a empresa, a solução está sendo desenvolvida com a ajuda de farmacêuticos, que são os profissionais que encaram o desafio de decifrar as receitas médicas na hora de comercializar os medicamentos.
Mas, será que o seu paciente e os próprios farmacêuticos precisam realmente de um tradutor para entender o que consta na sua receita? Não seria mais eficiente – e seguro – adotar um prescritor digital para emitir receitas fáceis de serem compreendidas e com todo respaldo ético e legal? É esta reflexão que queremos trazer para você, que é profissional da Saúde, com este artigo. Acompanhe.
- Como será feita a tradução da letra de médico pelo Google?
- Tecnologia para prescrever ou para entender a receita médica: o que é melhor?
- Um bom prescritor eletrônico protege pacientes e médicos.
Como será feita a tradução da letra de médico pelo Google?
Uma pesquisa feita pela empresa britânica Klas, voltada à área da Saúde e Tecnologia, revelou um dado alarmante: cerca de 70% dos erros relacionados à medicação ocorrem pela letra ilegível do médico na prescrição.
Isso acontece porque existem diversos medicamentos que, apesar de terem princípios ativos totalmente diferentes, possuem nomes parecidos. Caso não estejam legíveis, podem induzir ao erro.
Alguns exemplos de algumas confusões que podem ocorrer foram dados pelo ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Jecé Freitas Brandão.
Segundo ele, é muito possível trocar Tensaliv por Tensilax; Minidex por Minilax; Maxitrol por Mazitron; Minidex por Maxidex.
Foi pensando em casos como estes que o Google tomou a iniciativa de construir uma Inteligência Artificial capaz de decifrar caligrafias difíceis de ler.
O vídeo abaixo (em inglês) mostra como funciona, confira:
Neste vídeo podemos ver que, durante a apresentação, o Dr. Manish Gupta, diretor e pesquisador do Google na Índia, considerou as prescrições médicas como “difíceis de ler” e disse que os farmacêuticos precisam “fazer mágica” para interpretá-las.
O farmacêutico indiano, Sanjay Chopra, explicou que usa algumas técnicas para reconhecer o que está escrito na receita.
“Nós normalmente vemos a primeira e a última letra. E nós tendemos a reconhecer medicações comuns para alguns tipos de doenças, como antibióticos. Com a experiência adquirida com o tempo, nós também aprendemos o estilo de escrita de um médico”, afirmou Sanjay.
O Google deseja, com a Inteligência Artificial, tornar este processo de identificação dos medicamentos mais simples.
Recurso estará no Google Lens, mas ainda não há previsão de lançamento
Apesar de não ter dado uma previsão de lançamento da Inteligência Artificial que decodifica prescrição médica ilegível, o Google informou que a solução deve ser implementada no Google Lens.
O Google Lens é um recurso presente em smartphones com sistema operacional Android. Ele decodifica imagens, QR Codes, traduz textos para outros idiomas e até retira textos de imagens para que possam ser copiados.
Sendo assim, bastará tirar uma foto da receita difícil de ler com a câmera do celular e a caligrafia será analisada pela aplicação.
Como resultado, o paciente verá na tela do celular qual o medicamento ou procedimento recomendado pelo médico e ainda poderá ouvir o nome do medicamento, se desejar.
Nem tão novidade assim: veja outras soluções que se propuseram a ler letra de médico
Esta não é a primeira vez que uma empresa de tecnologia se propõe a decifrar garranchos nas receitas médicas.
Em 2015, a empresa Netfarma chegou a criar um aplicativo para traduzir as receitas médicas que não conseguiam ser compreendidas. Hoje, o serviço não é mais oferecido.
Também existiu o aplicativo Letras de Médico, desenvolvido pelo então estudante de Medicina da Universidade Federal de Fortaleza (CE), Rogério Malveira.
O app foi usado experimentalmente no Ambulatório de Cardiologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), mas também não existe mais.
|Saiba mais: Vantagens da prescrição eletrônica.
É melhor usar uma tecnologia eficiente para prescrever ou ter uma aplicação para entender a receita médica?
Levando em consideração que muitos profissionais ainda optam por escrever de punho as suas receitas, podemos afirmar que uma tecnologia como esta que o Google está propondo será de grande utilidade.
Porém, vamos combinar: não precisaríamos chegar ao ponto de necessitar de uma inteligência artificial que decodifica prescrição médica ilegível, uma vez que já temos tecnologias que possibilitam uma prescrição eletrônica, simples, ética e de fácil compreensão. Concorda?
Além disso, muito antes dos prescritores eletrônicos, precisamos considerar as normas que regem prescrição médica, seja ela manual ou digital.
Leis e Códigos que exigem a legibilidade das informações na prescrição
Sabemos que a letra ilegível pode ser fruto de uma alta demanda ou de um costume adquirido durante a faculdade e a residência, portanto, não tem a intenção de ser prejudicial.
Mesmo assim, quem redige a prescrição pode receber uma punição, caso a prescrição esteja ilegível.
Isso porque a legibilidade das receitas é obrigatória desde 1973, através da Lei Federal nº 5.991.
Existe também o Decreto Nº 793, de 5/4/1993 que, no inciso II do artigo 3, disciplina a prescrição médica ao determinar a legibilidade da letra, por extenso, nomenclatura e pesos oficiais, posologia e duração total do tratamento.
Além disso, o Código de Ética Médica também, no capítulo III, artigo 11, diz que é vedado ao médico “receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível”.
E ainda, conforme a Portaria Nº 344, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde e da Secretaria de Vigilância em Saúde, “a prescrição médica deve estar preenchida com grafia de fácil entendimento, sendo a quantidade da medicação em algarismo arábico e por extenso, sem emenda ou rasura”.
|Conheça: Guia definitivo para conhecer a legislação sobre prescrição médica.
Um bom prescritor eletrônico protege pacientes e médicos
Imagine que o paciente, o farmacêutico ou até mesmo a Inteligência Artificial faça uma leitura errada da prescrição.
As consequências podem ser gravíssimas para o paciente, podendo causar desde intoxicação até o óbito.
Por isso, além das punições legais, a letra ilegível em receitas pode gerar denúncia de pacientes.
O prescritor eletrônico que a ProDoctor oferece em seu software médico oferece uma prescrição fácil, segura e totalmente unificada ao prontuário. E ainda conta com a melhor base de medicamentos.
As prescrições com o ProDoctor são unificadas ao prontuário e assinadas digitalmente no padrão ICP-Brasil, com QR Code.
Prescrever com o ProDoctor também significa estar adequado às normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e do Conselho Federal de Medicina.
O que dizem a LGPD e a Resolução Nº 2.299/2021 do CFM?
Desde 26 de dezembro de 2021, o Conselho Federal de Medicina (CFM) exige o cumprimento da Resolução Nº 2.299/2021.
Ela regulamenta, disciplina e normatiza a emissão de documentos médicos eletrônicos, como a prescrição médica.
É importante frisar os artigos 3º e 11º desta Resolução, que regem questões sobre o sigilo das informações de médicos e pacientes, atendendo aos princípios da ética e à LGPD.
|Leia também: O que é LGPD e como se adequar.
Além disso, houve a proibição de indicar e/ou direcionar as prescrições para estabelecimentos farmacêuticos específicos.
Infelizmente, muitas plataformas de prescrição ainda coletam dados da prescrição e os vendem para terceiros, sem que o paciente tenha autorizado essa coleta e uso para fins comerciais.
Então, apesar de o prescritor eletrônico ser uma alternativa relevante, que acaba com a necessidade de se ter uma inteligência artificial para decodificar caligrafias difíceis de profissionais da Saúde, é preciso optar por usar um prescritor de confiança para você e para o seu paciente.
Portanto, ao contratar uma solução de prescrição ou um software de gestão que tenha um prescritor ou se integre a alguma solução terceira, é crucial se certificar se cumpre as leis e novas resoluções. Além disso, verifique a facilidade de uso tanto pelo médico quanto pelo paciente. Afinal, além de garantir que você não receba nenhuma penalizacao por descumprir as regras do CFM, é importante criar uma experiência positiva para seus pacientes.
Com informações do TecMundo.