O “Globo Repórter – Conectados”, exibido dia 04/03, também enfocou o acesso de surdos à Internet e às redes sociais, colaborando para reduzir o preconceito e a exclusão. Além disso, mostrou a forma como o celular também é importante peça de apoio para ajudá-los em sua conexão com o mundo. Nesse mesmo programa foi abordado também os médicos que solucionam casos difíceis com ajuda do WhatsApp.
No bairro de Madureira (Rio de Janeiro), André Trigueiro acompanhou a saída de Marcelo Mendonça, 19 anos, de sua casa até a Escola. E constatou tanto a ansiedade quanto a felicidade de sua mãe, dona Mônica. Ele é surdo e tem dificuldade para se comunicar com quem não entende a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Antes das seis da manhã, Marcelo já está se preparando para ir, sozinho, para o trajeto que consta de viajar de trem e depois de ônibus. Graças à tecnologia móvel, conquistou a confiança da mãe e essa autonomia. A caminhada até a estação, ainda no escuro, dura cerca de 20 minutos e embora seja perto, sua mãe já está com o celular a postos. E ele já recebe sua primeira mensagem do dia.
O jovem fez um implante em um dos ouvidos e assim consegue registrar alguns sons, com o celular intermediando sua conexão com o mundo. Decorrem alguns minutos além de hora e meia quando chega à escola. Então, a reportagem revela como o acesso à internet e às redes sociais ajudaram a reduzir o preconceito e a exclusão nas escolas. Antes, Marcelo conversava apenas através da leitura labial, mímica ou o domínio da Libras, que poucos têm no Brasil. Com isso, a era digital abriu portas e possibilidades de contato, podendo agora desfrutar de um mundo bem mais interessante.
Conforme André Trigueiro, “estar conectado é poder decifrar uma realidade sem sons, que fala através das imagens”.
Para Fábio Pereira, professor de Geografia, “a imagem diz para eles coisas que para os ouvintes talvez não sejam tão claras. Ele utiliza aquilo como recurso, ele utiliza aquilo para falar com o outro, ele utiliza aquilo para falar comigo. Então, isso ampliou demais a comunicação, o conhecimento”.
Marcelo também faz um curso profissionalizante. Na escola, os alunos eram separados por um vidro, com os estudantes surdos de um lado, enquanto de outro ficavam os que conseguem ouvir o professor. No intervalo, saem e vão para uma praça próxima, onde se conectam através de um grupo criado no aplicativo whatsApp pela colega Gabrielle Cunha. Se antes não existia qualquer interação entre eles, o que se vê na tela da tevê, agora, é que se divertem muito, combinam onde vão almoçar, sabem onde moram e saem juntos.
“Eu gostei, uma coisa engraçada. Entendi perfeitamente”, diz Marcelo, em resposta à pergunta da colega sobre o que achou da invenção. Agora, ele vive uma vida cheia de amigos e com muitas coisas para fazer, sem se sentir excluído. É assim que se mostra para o mundo, carregando no semblante um cativante sorriso de felicidade.
Veja a matéria ‘Era digital abre novas possibilidades de contato para jovens surdos’ exibida pelo Globo Repórter.