O Protocolo de Manchester é um processo de triagem de pacientes adotado em todo o planeta e que foi aplicado pela primeira vez em Manchester, na Inglaterra, em 1997. Ele determina as escalas de urgência para os pacientes que precisam receber atendimento médico. A classificação é feita através de cores, conforme a gravidade do quadro clínico apresentado pelas pessoas, com o tempo de espera recomendado.
A aplicação dessa ferramenta de triagem clínica prioriza os enfermos em condições fisiopatológicas mais graves. Dessa maneira, o sistema permite agilizar as ações, direcionando as pessoas que apresentam menor complexidade e otimizando a racionalidade da assistência.
Em seu Blog, a ProDoctor Software traz este post com todas as informações a respeito do Protocolo de Manchester, desde o seu surgimento até a adoção pelos estabelecimentos de Saúde de todo o mundo. Confira os detalhes nos itens a seguir:
- O que é e como surgiu o Protocolo de Manchester
- Importância do Protocolo de Manchester
- Quem realiza a triagem?
- Classificação do Protocolo de Manchester
- Cores que podem salvar vidas
- Equipamentos para aplicar o Protocolo de Manchester
O que é e como surgiu o Protocolo de Manchester
O Protocolo de Manchester é um método de triagem de pacientes que os classifica conforme a gravidade do quadro clínico. Aqueles com problemas que representam risco de vida são atendidos prioritariamente. Desse modo, ainda que um paciente com uma dor de cabeça constante chegue na unidade de saúde primeiro, outro que tiver, por exemplo, sentindo fortes dores provocadas por uma hérnia de disco, será atendido antes.
A denominação do sistema justifica-se por causa da cidade onde foi criado, na Inglaterra, como resultado da colaboração de médicos e enfermeiros de nove hospitais de Manchester entre 1994 e 1995. Foi aplicado pela primeira vez em 1997. Tendo em vista não apenas sua abrangência, mas também a capacidade de triagem, é um dos processos de classificação de risco mais utilizados no mundo.
No Brasil, a metodologia foi usada pela primeira vez em 2008, no estado de Minas Gerais
Importância do Protocolo de Manchester
A grande importância da aplicação do Protocolo de Manchester está no atendimento prestado de acordo com o tempo que os pacientes realmente precisam. Se tomarmos como exemplo um estabelecimento de saúde que rotineiramente atende inúmeros pacientes, é fundamental existir um critério objetivo e claramente definido para organizar de forma ágil e racional o atendimento.
Assim, o sistema adotado possibilita que os objetivos da unidade de saúde sejam alcançados, a fim de prestar um atendimento de qualidade e que responda de forma eficaz às necessidades de cada pessoa.
Além disso, permite que se faça uma previsibilidade no trabalho diário, com um controle maior da situação e tornando mais fácil a avaliação do desempenho da equipe envolvida no processo.
Quem realiza a triagem?
Conforme a legislação atual, compete à equipe de Enfermagem a designação do profissional responsável pela execução do Protocolo de Manchester na unidade de Saúde. A Resolução Cofen Nº 661/2021, em seu Art. 1º, determina que “No âmbito da Equipe de Enfermagem, a classificação de Risco e priorização da assistência é privativa do Enfermeiro”. Nesse sentido, é importante destacar que o (a) enfermeiro (a) deve ter plena capacidade para desenvolver bem o trabalho de triagem.
Deve ter não só os conhecimentos técnicos, bem como ser rápido e comunicativo. Suas qualificações são essenciais para que realize o trabalho de maneira objetiva e com o apoio de toda a equipe clínica envolvida no processo. Desse modo, as possibilidades de erro podem ser minimizadas, sem comprometer a qualidade do atendimento, bem como a imagem do hospital/clínica/consultório.
Em seu § 2º, a Resolução determina que “Para garantir a segurança do paciente e do profissional responsável pela classificação, deverá ser observado o tempo médio de 04 (quatro) minutos por classificação de risco, com limite de até 15 (quinze) classificações por hora”.
Também é importante destacar que o estabelecimento de Saúde deve ter uma infraestrutura adequada, capaz de proporcionar o atendimento de qualidade que os pacientes necessitam. Só para exemplificar: é de grande importância que os insumos farmacêuticos estejam disponíveis, a fim de não atrasar os procedimentos que forem prescritos pelos médicos (que podem atuar como auditores).
Classificação do Protocolo de Manchester
O Protocolo de Manchester classifica os pacientes por meio de uma tabela de cores, em que cada cor representa o nível de gravidade dos sintomas. Veja, a seguir, o passo a passo da classificação:
- Aferição dos sinais vitais – Quando o paciente chega ao hospital/clínica/consultório, deve ser imediatamente avaliado e a primeira medida da equipe é aferir os seus sinais vitais.
- Identificação de sintomas – O passo seguinte e ouvir o paciente, atentando para sua queixa principal. Então, o enfermeiro deve fazer todas as perguntas necessárias, que permitam classificar a gravidade do seu estado de saúde.
- Classificação de risco – O Protocolo de Manchester possui critérios específicos para conduzir a investigação sobre os riscos. Logo, o profissional pode usar um dos 55 fluxogramas disponibilizados pelo sistema, baseados nas queixas de apresentação e que abrangem todas as situações apresentadas nos serviços de urgência. Após o registro das informações no prontuário, o enfermeiro definirá a classificação de risco de cada paciente, que receberá, então, uma pulseira com a cor referente ao seu grau de urgência.
Cores que podem salvar vidas
A classificação dos pacientes pelo Protocolo de Manchester é feita com a aplicação de uma tabela de cores, em que cada uma delas representa o nível de gravidade dos sintomas. Confira a seguir:
- Vermelho: Representa emergência, englobando os casos que alertam para o risco de morte iminente e recomendando que o paciente deve ser atendido imediatamente. Só para ilustrar: traumatismos decorrentes de acidentes automobilísticos. Desse modo, a adoção das estratégias terapêuticas devem ser objetivas.
- Laranja: significa muito urgente, e também nesse caso o paciente apresenta risco de morte, embora esteja um pouco mais estável que no caso anterior. Todavia, deve ser atendido o mais rápido possível, podendo esperar, no máximo, 10 (dez) minutos para ser atendido. Alguns exemplos: suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Como nesses casos existe uma janela de tempo para intervenção terapêutica, a equipe deve atentar para não gerar complicações clínicas ou sequelas nos pacientes.
- Amarelo: casos urgentes, com gravidade moderada. Aqui, o tempo pode chegar a 50 minutos, uma vez que demanda uma avaliação mais detalhada, mas com o paciente em condições clínicas de esperar o atendimento. Por exemplo: pacientes com processos infecciosos, que podem requerer medicamentos endovenosos.
- Verde: pouco urgente, sendo destinado para os casos menos graves, com o paciente podendo aguardar até 2 (duas) horas.
- Azul: não urgente, sendo a classificação mais baixa, pois envolve problemas simples, com o paciente podendo esperar até 4 (quatro) horas ou ser encaminhado para outra unidade de Saúde. Só para ilustrar: englobam os pacientes com condições pouco complexas como pequenos ferimentos ou resfriados. Geralmente, são aconselhados a buscarem os consultórios médicos em outro horário.
Equipamentos para aplicar o Protocolo de Manchester
Para a correta aplicação do Protocolo de Manchester, é preciso que a equipe envolvida utilize equipamentos corretos e em bom estado de conservação para avaliar as condições dos pacientes. São os seguintes:
- Estetoscópio – Complementa as análises da pressão sistêmicas para apurar a condição cardiovascular do paciente.
- Termômetro – O recomendável é utilizar aquele que faz aferição da temperatura por infravermelho, pois é mais rápido e evita o contato com os pacientes. Se não tiver, devem ser usados os digitais. Os pacientes que apresentarem temperaturas acima de 40 graus devem ser atendidas prioritariamente.
- Esfigmomanômetro – Este é fundamental nas triagens hospitalares, devendo estar calibrado adequadamente para evitar resultados falsos.
- Estetoscópio: complementa as análises da pressão sistêmicas para apurar a condição cardiovascular do paciente
- Glicosímetro – Medidas capilares da glicemia podem comprovar as queixas relatadas pelos pacientes ou cuidadores. Quando atingem patamares extremos, os pacientes devem ser encaminhados à emergência.
- Relógio para medir a frequência cardíaca – Pode ser o artefato pessoal ou aqueles destinados a essa finalidade.
- Oxímetro – a saturação é uma das análises cruciais para detectar obstrução de ar pelas vias aéreas e serve como um norteador de condutas emergenciais.
- Prontuários – Documentos digitalizados ou impressos que fornecem informações objetivas para que os médicos possam chegar rapidamente a um diagnóstico e fazer a prescrição correta.
- Pulseiras ou etiquetas com as cores do Protocolo Manchester – Usadas para identificar cada paciente conforme a escala de gravidade. As cores facilitam a visualização dos profissionais e, consequentemente, as intervenções.
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Resumo
A aplicação do Protocolo de Manchester, ao proporcionar um atendimento eficaz e de qualidade, comprovadamente, traz benefícios não só para os pacientes que procuram as instituições de saúde, racionalizando e priorizando o atendimento, mas também em termos administrativos e financeiros.
Além disso, contribui para minimizar possíveis erros, diminuindo, dessa maneira, as sequelas provocadas por um diagnóstico equivocado. Com a melhoria do atendimento haverá não só a satisfação dos pacientes, bem como um reforço positivo na imagem do hospital/consultório/clínica.