O grupo comporta apenas 100 médicos de 40 cidades de todo o Brasil, mas há três anos eles se debruçam online sobre os casos clínicos mais difíceis, compartilhando ideias e opiniões na busca de uma melhor solução para cada paciente. A reunião de profissionais em um hospital é fato corriqueiro e importante, mas com o uso do aplicativo e a criação do grupo ganhou maior dimensão. Até agora, chega perto de 500 o número de casos resolvidos.
Foi o que o programa “Globo Repórter”, da Rede Globo, mostrou no último dia 4, revelando como eles descobriram a possibilidade de aumentar o alcance e os benefícios dos encontros virtuais. Os profissionais colocaram o projeto em prática de maneira bastante simples, contando no início com somente 20. A troca constante e rápida de informações fez crescer o interesse, com uma adesão que ao longo desses anos alcançou o limite de médicos imposto pelo programa.
Sigilo absoluto
Durante a exibição, o repórter André Trigueiro entrevistou o diretor de Cirurgia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HPES), Dr. Francisco Farah, que destacou a importância do grupo cuidar de um caso por vez. Segundo ele, “só quando ele é resolvido abre-se espaço para outro. O sigilo é absoluto. Os médicos nem sabem o nome do paciente”.
Também ressaltou que nada substitui o médico ao lado do enfermo e que a reunião virtual é tão somente mais um instrumento na luta para que os médicos possam salvar vidas. E acrescentou: “Eu estou no telefone e ao mesmo tempo tenho a experiência de cem profissionais tão gabaritados quanto eu para ter a tomada de decisões difíceis”.
Especialista em doenças do pâncreas e do estômago, Dr. Francisco Farah acentua: “A gente tem uma discussão sobre casos complexos, casos que não estão no dia a dia. Só que não estão no dia a dia para mim, mas pode estar para outro”.
1.500 km separados ao clicar “Enviar”
Na sequência da reportagem, André Trigueiro faz conexão com o Dr. Gilmar do Espírito Santo, em Cuiabá (MT). “Separados por cerca de 1.500 km, mas unidos por um clique na palavra Enviar”, anuncia o jornalista, que então coloca no vídeo as explicações do oncologista, com uma única exceção acerca do sigilo em torno do nome do paciente. Assim que o caso a ser estudado surge para todos no aplicativo, inúmeras opiniões começam a aparecer.
Dr. Gilmar abre um parêntesis para explicar a única exceção concedida até o momento, quando o nome do paciente foi anunciado para todo o grupo. Segundo ele, aconteceu em “um momento de extrema necessidade”. Embora sendo cirurgião, ele não era especialista em pancreatite. Assim, expôs o problema para que buscassem a melhor solução para seu amigo Swany dos Santos, representante comercial que teve pancreatite aguda, extremamente grave, passou pela UTI e quase morreu.
Para o Dr. Gilmar, a ajuda recebida na discussão virtual foi “significativa, imediata e constante durante todo o tratamento dele”. Swany, que atualmente tem uma vida normal, enfrentou quase um ano de tratamento, com internações, recaídas e muitas consultas ao grupo. Ele deu seu depoimento ao “Globo Repórter” sobre o período: “Uma doença dolorosa, fisicamente muito dolorosa”.
Ao analisar as possibilidades oferecidas pelo aplicativo, Dr. Francisco Farah relembrou que, durante determinado momento, uma opinião foi de importância crucial na decisão de reoperar o enfermo, principalmente quando se tratava de fazer um procedimento considerado novidade na época. “Praticamente uma junta médica, você estando distante dos grandes centros e isso poder ser compartilhado. Achei fantástico. Fiquei muito contente que tenha acontecido assim. Não imaginava, especificamente aplicado à Medicina”, declarou.
“Nada substitui um médico ao lado do paciente”
Antenados, mas também conscientes. Os participantes dos encontros digitais sabem que o uso do aplicativo é apenas mais um instrumento em sua empreitada contra as doenças e a morte. Somente com o telefone ao seu lado, sabem que podem contar com a experiência, a capacidade e o empenho de 100 profissionais tão gabaritados para que possam assumir o que o grupo considerar ser a melhor solução em quadros clínicos tão difíceis e desafiadores.
Veja aqui a matéria exibida pelo Globo Repórter, que, no programa ‘Conectados’ também mostrou como o WhatsApp esta proporcionando novos horizontes para jovens surdos.