O Dia do Otorrinolaringologista é comemorado neste 03 de março. A data foi homologada em 2016, após a tramitação e aprovação do Projeto de Lei 3727/2015, de autoria do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a pedido da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, com o intuito de celebrar o trabalho de um especialista com várias atuações na saúde da população.
Em sua justificativa, ele destacou que “o Dia Mundial da Audição e Orelha é comemorado anualmente em 3 de março, e não há como celebrar tal data sem lembrar dos profissionais que fazem possível a superação de patologias associadas ao ouvido, nariz, faringe e laringe: o otorrinolaringologista”.
A Otorrinolaringologia é uma especialidade clínico-cirúrgica. Dessa maneira, compete ao Otorrinolaringologista cuidar de enfermidades de origens diversas e também de estruturas complexas e que exigem rigor e perícia, uma vez que englobam o nariz, os seios da face, a garganta e os ouvidos.
Com toda a certeza, a delicadeza dessas regiões requerem grande conhecimento científico e experiência.
Atualização permanente
Além disso, é necessário acompanhar permanentemente as descobertas e as inovações científicas e tecnológicas da área. Afinal, as doenças que o profissional enfrenta podem afetar de maneira grave a saúde dos seus pacientes. Como, por exemplo, a fala e a audição, o olfato, a respiração e o equilíbrio corporal.
Nesse sentido, precisa atentar para um trabalho direcionado para promover a qualidade de vida de cada pessoa que atender. Certamente, qualquer limitação pode criar barreiras não apenas no campo profissional, com redução e falta de autonomia, como também trazer sofrimento com o isolamento social e a queda na autoestima.
Portanto, é preciso realizar um diagnóstico e um tratamento corretos. Além disso, torna-se cada vez mais importante trabalhar de forma preventiva, através de alertas sobre cuidados essenciais e campanhas de conscientização.
Consciente da importância do Otorrinolaringologista, a ProDoctor Software elaborou este post com o propósito de homenagear cada especialistas, que diariamente dedica seus conhecimentos científicos e experiência em benefício da saúde dos seus pacientes.
Desse modo, confira, todos os detalhes nos tópicos a seguir:
- O Otorrinolaringologista na História
- A Otorrinolaringologia no Brasil
- Objeto de trabalho do Otorrinolaringologista
- A Otorrinolaringologia Pediátrica
- Algumas doenças infantis
- Rinite e Amigdalite
- O Otorrinolaringologista na Demografia Médica 2023
- A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF)
- Trajetória para ser um Otorrinolaringologista
O Otorrinolaringologista na História
Certamente, a Otorrinolaringologia é uma das especialidades médicas que mais passou por transformações – notáveis! -, tendo em vista o desenvolvimento científico e as inovações tecnológicas. Com isso, cada vez mais vem se aperfeiçoando, ao incorporar tecnologias importantes na endoscopia, na radiologia e na microcirurgia.
Todavia, é interessante recuar um pouco no tempo e, por isso, vamos falar um pouco de sua História!
Os relatos acerca da Otorrinolaringologia remontam a aproximadamente 1.500 a.C. Só para ilustrar: na Farmacopeia Egípcia, o capítulo “Medicamentos para o ouvido com audição fraca” aborda o tratamento para zumbidos, tonturas e hipoacusia.
Por outro lado, existem descrições de tratamentos e procedimentos cirúrgicos na laringe e na faringe que remetem aos médicos egípcios, gregos e hindus. É importante destacar que os médicos egípcios fizeram as primeiras cirurgias nasais, utilizando instrumentos para remover o cérebro através do nariz como parte do processo de mumificação.
As primeiras descrições das estruturas do nariz surgiram apenas no Século XV. Todavia, Hipócrates, o Pai da Medicina, já havia analisado partes da anatomia nasal.
Avançando na linha do tempo, em 1873, em Viena (Áustria), o cirurgião Theodor Billroth realizou a primeira laringectomia.
A Otorrinolaringologia no Brasil
Conforme o então ministro Luiz Henrique Mandetta, “a especialidade de Otorrinolaringologia surgiu no Brasil em 1911. Em 1938 foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, dando o primeiro passo para organização da especialidade em âmbito nacional”.
Ele ressalta que, “nos primeiros serviços organizados no final do Século XIX, no Brasil, considerava-se o médico otorrino, basicamente o especialista que estudava, prevenia, tratava e fazia manutenção, ou procedimentos cirúrgicos do conjunto ouvido, nariz e garganta e de suas respectivas estruturas. Sua atuação compreendia ainda a reabilitação auditiva, audiologia clínica, cirurgia cérvico-facial e plástica”.
Além disso, destacamos duas datas importantes no Brasil. Na primeira, a fundação da Faculdade de Medicina da Bahia, em 1911, com a primeira cátedra de Otorrinolaringologia no País. Por outro lado, em 1933 verifica-se o lançamento da primeira edição da Revista Otolaryngológica de São Paulo, futura Revista Brasileira de Otorrinolaringologia.
Objeto de trabalho do Otorrinolaringologista
Com toda a certeza, a evolução tecnológica, que permitiu avanços exponenciais na realização de exames e técnicas diagnósticas nas últimas décadas, tem sido fundamental há três décadas para a expansão da especialidade.
Dessa maneira o Otorrinolaringologista amplia seu espaço de atuação, não só na área clínica, mas também cirúrgica. Além disso, o fato de atuar em uma área com enfermidades muito distintas o habilita a estar em constante atuação junto a equipes multidisciplinares.
Nesse sentido, o raio de ação pode abranger especialmente profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Conforme a extensão de uma doença, o trabalho pode envolver a atuação de médicos de outras especialidades, como por exemplo: alergistas, pediatras, radiologistas, oncologistas, geriatras, pneumologistas e neurologistas.
Por fim, é importante lembrar que a relação médico-paciente é fundamental para se chegar a um diagnóstico correto e alcançar sucesso no tratamento. Nesse sentido, as terapias que demandam maior tempo, estudo, paciência e dedicação precisam da efetiva colaboração do paciente.
E o que se verifica, muitas vezes, é uma grande estabilidade, por muitos anos, na relação entre o Otorrinolaringologista com seus pacientes.
A Otorrinolaringologia Pediátrica
A atuação do Otorrino Pediatra é cada vez mais acentuada. Desse modo, verifica-se o crescimento da subespecialidade, uma vez que as crianças demandam maiores cuidados, tendo em vista a sua fragilidade corporal. O Otorrino Infantil tem o foco central no estudo e na aplicação de técnicas em crianças com enfermidades relacionadas ao ouvido, ao nariz e à garganta.
Sem dúvida, os grandes avanços na Otorrinolaringologia Pediátrica prenunciam a redefinição da saúde auditiva. Os avanços que as manchetes de periódicos científicos alardeiam permitem ter esperanças em um futuro promissor, com foco especial na prevenção, com diagnóstico precoce, inovacão no tratamento e amparo permanente da tecnologia.
A terapia gênica, por exemplo, permitiu recentemente a um garoto marroquino de 11 anos, que nasceu com uma forma rara de surdez congênita, escutar pela primeira vez.
Conforme as informações do Hospital Infantil da Filadélfia, Aissam Dam, após quatro meses de tratamento em um dos ouvidos, passou a ouvir a voz de seu pai e o barulho de carros. O procedimento pode ser repetido no outro ouvido de Aissam Dam, melhorando ainda mais sua capacidade parcial de escutar.
Também é importante destacar que a expansão da especialidade acompanhou a avanço das tecnologias em Neonatologia. Além disso, verificou-se de forma acentuada a melhora da sobrevida de crianças com enfermidades complexas e crônicas.
Nesse sentido, tem sido fundamental o trabalho realizado por especialistas junto às Unidades de Terapia Intensiva, com a soma de conhecimento e experiência de equipes multidisciplinares.
Algumas doenças infantis
Entre as crianças, são marcantes algumas enfermidades relacionadas ao ouvido, nariz e garganta. As cinco mais recorrentes são:
- Otites de repetição – Inflamação provocada, geralmente, por líquido ou muco do ouvido mal drenado. Pode atingir qualquer uma das três partes do ouvido (interno, externo ou médio), resultando de alguma alergia, bactéria ou vírus.
- Distúrbios da audição – O fato de as crianças não conseguirem se expressar de forma eficaz pode prejudicar sua identificação, uma vez que acontecem quando são mais novas. Mas, a recomendação é que os pais e os responsáveis atentem para os sinais e sintomas: falta de resposta a barulhos e sons, atraso na fala, falta de percepção com relação ao ambiente. Podem provocar perda parcial, mediana ou total da audição, tanto temporária, quanto permanente.
- Sinusites de repetição – Inflamação dos seios da face, assim chamada devido à frequencia com que se repete. A criança pode apresentar tosse, ficar com o nariz entupido, perder o apetite e ter dores de cabeça. Como as cavidades dos seios da face ainda não estão totalmente formadas, é possível que a inflamação esteja no etmoide, osso atrás do nariz.
Rinite e Amigdalite
- Amigdalites recorrentes – Enfermidade infecciosa que atinge a faringe e/ou as amígdalas. Assim, o principal sintoma é a dor de garganta. Via de regra, surgem em consequência de infecções bacterianas ou virais. Com isso, a criança pode apresentar febre, ter vômitos e dificuldade para comer.
- Rinite – Muito confundida com a sinusite, pois ambas apresentam sintomatologia semelhante: nariz entupido, dor de cabeça, espirros e tosses. Além disso, é importante observar que a rinite é uma inflamação mucosa nasal. A diferença está nas causas, e o processo inflamatório ocorre de maneira diferente. Sua origem pode ser infecciosa (bactérias e vírus), alérgica (alguma alergia do paciente) e não infecciosa e não alérgica, provocada por fatores externos.
O Otorrinolaringologista na Demografia Médica 2023
O estudo Demografia Médica no Brasil 2023 resultou da parceria entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). O trabalho teve coordenação do pesquisador Mário Scheffer, professor livre-docente do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, partindo de três eixos principais: estudos demográficos da população médica, estudos sobre formação e profissão médica e inquéritos sobre Residência Médica e trabalho médico no Brasil.
Confira a seguir, de acordo com a Demografia Médica no Brasil 2023, os dados referentes à Otorrinolaringologia:
- No total são 8.100 Otorrinolaringologistas, o que equivale a 3,80 especialistas por 100 mil habitantes. Assim, contabilizam 1,6% do total de especialistas do Brasil.*
- Desses 8.100, 900 médicos (11,1%) estão registrados em mais de uma Unidade da Federação/Conselho Regional de Medicina. Os que têm título em Otorrinolaringologia são 7.200.*
- Sua distribuição no território nacional está concentrada na Região Sudeste, com 53,8%. Na sequência estão: 17,4% na Região Nordeste; 16,8% na Região Sul; 8,8% na Região Centro-Oeste; e 3,2% na Região Norte.*
- Com relação ao gênero, a maioria é de homens, distribuindo-se da seguinte maneira: 43,5% são profissionais do sexo feminino; 56,5% são profissionais do sexo masculino.*
- Por outro lado, ao analisar os dados referentes à idade, verificou-se que 28,3% têm 55 anos ou mais; 20,7% têm 35 anos ou menos. A média de idade é de 47,4 anos.
A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF)
Hoje conhecida como Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABO-CCF), a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL) foi fundada somente em 1978.
Em 2022, diante da grande relevância do Otorrinolaringologista para a sociedade, a entidade lançou o projeto “Meu Otorrino é 10!” para celebrar a data a ele reverenciada. A campanha traz depoimentos reais de pacientes que falam acerca das principais contribuições dos especialistas para a saúde não só das crianças e dos jovens, como também dos adultos e dos idosos.
Confira, também, o mapeamento da especialidade na 4ª Edição do Censo da Otorrinolaringologia Brasileira, realizado em 2018.
Por fim, cumpre ressaltar que as campanhas de conscientização realizadas pela entidade têm como propósito tanto conscientizar e reunir os Otorrinolaringologistas, quanto alcançar o publico leigo, especialmente os pacientes.
Trajetória para ser um Otorrinolaringologista
No Dia do Otorrinolaringologista, além da saudação especial pela data, repassamos agora o que é necessário para se alcançar o título de especialista na área. A Residência em Otorrinolaringologia dura três anos, com carga horária de 60 horas semanais e tem acesso direto.
Durante a Residência, realizará atividades não só ambulatoriais e cirúrgicas, bem como plantões em emergências, além de desenvolver atividades acadêmicas e de pesquisa.
Em 2021, a Otorrinolaringologia foi a quarta especialidade mais disputada em um dos maiores concursos do Brasil, o SUS-SP. Após finalizar os seis anos da Faculdade de Medicina, o profissional precisa concluir o programa de Residência Médica para, então, se especializar.
Se acaso o residente pretender fazer uma especialização adicional em uma das subespecialidades, o período de duração, geralmente, é de um a dois anos.
Conforme o relatório Demografia Médica no Brasil 2023, as seguintes subespecialidades estão autorizadas pelo Sistema da Comissão Nacional de Residência Médica (SISCNRM):
- Cirurgia Crâniomaxilofacial – 01 ano.
- Foniatria – 01 ano.
- Medicina do Sono – 01 ano.
Fazer uma boa escolha para cumprir a Residência Médica é fundamental para a formação do profissional em qualquer especialidade. Na área de Otorrinolaringologia, as instituições que sempre são citadas como referências são as seguintes:
- Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas.
- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
- Hospital Universitário Professor Edgar Hupes – Universidade Federal da Bahia.
- Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.