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A eficácia do medicamento depende do organismo

Efeitos dos medicamentos

A eficácia de um medicamento depende também do organismo de quem o toma. O poder de ação de um fármaco é influenciado pelas características genéticas de cada indivíduo, razão pela qual um mesmo composto pode, às vezes, causar efeitos distintos, e até contrários, em pessoas diferentes.

Um exemplo da ação heterogênea de medicamentos foi observado recentemente em um estudo conduzido pelo biólogo Daniel Martins-de-Souza, pesquisador do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Ele e seus colaboradores na Alemanha avaliaram o desempenho de três medicamentos antipsicóticos em 58 pessoas com esquizofrenia, doença neuropsiquiátrica que atinge 1% da população e é marcada pela ocorrência de alucinações e delírios. Tratados com doses diárias de olanzapina, quetiapina ou risperidona por seis semanas, 36 participantes (62% do total) apresentaram uma redução importante dos sintomas, enquanto os demais não melhoraram.

Os pesquisadores também analisaram o sangue de quem participou do estudo em busca de um possível marcador biológico de resposta ao tratamento, algo capaz de predizer se a medicação produziria ou não o efeito desejado. Eles mediram o nível de 985 proteínas e observaram que o grupo que respondeu bem à medicação produzia duas classes de proteínas em concentrações diferentes das pessoas para quem o tratamento não havia surtido o efeito desejado.

Os indivíduos que haviam se beneficiado do uso de antipsicóticos produziam níveis mais baixos de proteínas associadas ao metabolismo de ácidos nucleicos e de proteínas que processam outras proteínas, enquanto quem não respondia bem ao tratamento apresentava concentrações sanguíneas mais elevadas desses dois grupos de proteínas. Combinando o que encontraram em um caso e no outro, Martins-de-Souza e seus colegas chegaram a um conjunto de 42 proteínas que talvez possa indicar quem responderia melhor à medicação, antes mesmo do início do tratamento.

A esperança dos pesquisadores é chegar a um exame de sangue que permita ao médico identificar a medicação mais adequada para cada pessoa de modo a melhorar o índice de sucesso dos tratamentos. “Hoje não há ferramentas que auxiliem o médico a encontrar a medicação mais eficaz”, afirma Martins-de-Souza. “Ele descobre o que funciona na base da tentativa e do erro.”

Ajudar na busca de um marcador biológico de resposta ao tratamento é apenas uma das possíveis aplicações da proteômica, área da biologia que estuda o perfil de produção de proteínas dos organismos. “Estudamos o que acontece na esquizofrenia, mas, em princípio, essa estratégia poderia ser utilizada para avaliar o melhor tratamento para qualquer doença.”

Fonte: Pesquisa FAPESP – leia mais

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