Governos municipais, estaduais e federais recorrem à tecnologia para prevenir, combater e eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão da dengue, zica e chikungunya. Do Norte ao Sul do Brasil, a preocupação reforça a necessidade de envolver a sociedade nas ações. Alguns programas já foram lançados, como na Bahia e Pernambuco, e outros softwares serão disponibilizados em breve, como no Rio Grande do Sul, onde o Governo promete anunciar, em duas semanas, um aplicativo para smartphones que possibilitará aos usuários fazer denúncias locais de água parada ou possíveis criadouros naturais do mosquito. Confira os aplicativos:
5 aplicativos contra o Aedes aegypti
1 – Caça Mosquito
Preocupado com o alto índice de microcefalia no estado, onde foram registrados 180 casos, a Secretaria de Saúde da Bahia recorreu à tecnologia para combater os focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb), foi desenvolvido o aplicativo para smartphone Caça Mosquito disponibilizando um mapa virtual com informações online para detectar onde existem focos do inseto, além de visualizar as denúncias.
O dispositivo poderá ser baixado gratuitamente por qualquer pessoa que tenha um smartphone com sistema operacional Android, através do Google Play.
O usuário pode fazer a foto do local onde há o foco de larvas ou do mosquito, escrever uma descrição e enviar ao Governo, ficando disponível na lista de publicações e no Mapa do Estado. O software possibilita fotografar e denunciar criadouros, em qualquer lugar e a qualquer momento. É preciso estar com o GPS do aparelho ativado, uma vez que a ferramenta usa o serviço de localização para identificar de onde está sendo publicada a foto e também para montar o mapa de calor. Ao receber as informações encaminhadas, a Sesab fará o encaminhamento para os órgãos municipais, a fim de que agentes de endemias sejam enviados ao local para a eliminação dos focos. A Bahia é o estado com o maior número de casos suspeitos do Brasil.
A versão para a plataforma iOS, da Apple, será disponibilizada até o fim deste mês.
2 – Xô Aedes
Em Pernambuco, os moradores de Paulista já podem utilizar o smartphone para denunciar focos de reprodução do Aedes aegypti. O aplicativo Xô Aedes Paulista foi lançado no dia 30 de dezembro e tem como objetivo informar com agilidade e precisão à Vigilância Ambiental os locais onde existam possíveis focos de reprodução do mosquito transmissor da dengue, febre chikungunya e zika vírus. Idealizado por uma empresa paraibana, o software vai rodar nos sistemas operacionais Android.
Fácil de usar, possui GPS, quase não ocupa memória do celular e a imagem capturada somente pode ser encaminhada quando a pessoa estiver em uma rede wi-fi. Além disso, torna possível que a população monitore a situação da denúncia pelo site do aplicativo, onde um mapa aponta, com colorações diferentes, o status dos focos.
Responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, o paraibano Kleyber Araujo enfatiza que o programa pode ser usado gratuitamente em qualquer lugar do Brasil. No caso de Paulista, o contrato prevê a geração de relatórios e outras ferramentas para um controle mais efetivo.
3 – Sem Dengue
A guerra contra a epidemia ganhou mais um aplicativo. Desta vez é o Sem Dengue, que permite ao usuário fazer a foto e enviá-la para que o setor público tome providências. Ele foi lançado ontem, em São Paulo, pelo secretário Municipal de Saúde, Alexandre Padilha.
O objetivo é intensificar o potencial de ações de combate ao Aedes aegypti baseado em dados gerados pela própria população, colaborando de forma efetiva e ágil no combate aos vírus da dengue, zika e chikungunya. Além de São Paulo, 29 cidades brasileiras contarão com a nova ferramenta, como Niterói (RJ), Pelotas (RS) e Teresina (PI).
O software está disponível na App Store (para iOS) e no Google Play (para Android). A iniciativa é da rede social cidadã Colab.re, em parceria com prefeituras e órgãos governamentais do Brasil.
4 – Observatório do Aedes Aegypti
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte apresentaram terça-feira, 23, para a assessoria técnica do Ministério da Saúde e para a Secretaria de Vigilância em Saúde, o site Observatório do Aedes aegypti, que permite à população mapear os focos de mosquito e locais em que há casos de dengue, zika ou chikungunya. Segundo seus desenvolvedores, o programa funciona de forma semelhante a um aplicativo de trânsito, com os dados introduzidos pelos usuários ajudando a montar o roteiro das regiões com incidência maior de insetos. A partir daí, as informações são redirecionadas para as prefeituras de todo o Brasil, sendo possível acompanhar se as providências de combate foram tomadas pelos órgãos públicos e quanto tempo levaram para efetivá-las.
Coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais), Ricardo Valentim acentuou que o programa é um importante instrumento para que o cidadão denuncie não apenas o foco, mas também alerte sobre os casos suspeitos. Segundo ele, o sistema realiza cruzamentos para saber se existe um surto da doença. É importante ressaltar que o Observatório do Aedes aegypti faz todo o acompanhamento do processo, desde seu registro até a resolução. Isto permitirá que a população, caso persistam os problemas, acione mecanismos legais de cobrança, como os Ministérios Públicos.
Embora tenha sido lançado no Rio Grande do Norte, de onde recebeu grande quantidade de denúncias de focos de mosquito, o software recebeu contribuições de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Bolsistas de Iniciação Científica trabalham como monitores, encaminhando os dados por e-mail para as prefeituras de regiões que fizeram denúncia. Uma semana depois, eles procuram novamente alguns usuários para saber se a solução requerida foi realmente tomada. Para Valentim, a ferramenta poderá também ser de grande utilidade para os gestores da área da saúde: “Se o Ministério encampar o aplicativo, essa comunicação com as prefeituras ganha mais agilidade. Vai deixar de ser manual para se tornar integrada”.
5 – Mosquito Zero
O Núcleo de Tecnologia da Informação da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador desenvolveu uma ferramenta capaz de registrar focos do Aedes aegypti, além de notificar em tempo real os casos suspeitos de dengue, chikungunya e zika vírus. Estará disponívrl para Android e iOS, contando com um portal na internet. Gerente em pesquisa da Secretaria da Saúde, Alex Sandro Correia explica que qualquer pessoa, dispondo de um tablet ou smartphone, “poderá tirar uma foto de um possível foco do mosquito e enviar para nossa central de monitoramento”. Uma vez registradas, “as coordenadas geográficas do local e as informações coletadas servirão como subsídio para nortear as ações contingência do vetor”.
O programa também permitirá o registro online dos casos suspeitos de dengue, chikungunya e zika, gerando um mapa da situação das patologias em cada localidade do município. Em 2014, o aplicativo foi vencedor do concurso Ideias Inovadoras da FAPESB, o único no Brasil aprovado no chamamento público do Ministério da Saúde para receber recursos que viabilizassem o funcionamento.
O Mosquito Zero foi o único programa no país selecionado pelo Governo Federal para receber recursos que viabilizassem o funcionamento. A expectativa é que o aplicativo esteja disponível para utilização em até 90 dias após a liberação do recurso.