O 2º Episódio de Residentes 1 foi exibido ontem no Fantástico, da Rede Globo, revelando seus passos nos hospitais de forma intercalada com depoimentos pessoais. A série mostra a trajetória trilhada por recém-formados que abdicaram de prazeres para mergulhar de vez no aperfeiçoamento de sua escolha profissional. Busca pelo conhecimento, cansaço e muita entrega fazem parte dos plantões, com alegrias e decepções como parte do conhecimento e da vivência da realidade nua e crua.
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Veja também:
1º episódio de ‘Residentes 1’
3º episódio de ‘Residentes 1’
4º episódio de ‘Residentes 1’
5º episódio de ‘Residentes 1’
João Francisco de Souza, de 26 anos, é R1 em Anestesia e em seu plantão no Hospital das Clínicas de São Paulo (SP) teve como tarefa aplicar a anestesia na jugular do senhor Antônio, que já estava sendo preparado para uma cirurgia de amputação no membro inferior direito. Como a ferida na perna não respondia mais aos antibióticos e a outros tipos de tratamento, lá foi o João realizar o procedimento. A princípio, disse que ficou “um pouco nervoso”, admitindo logo em seguida que, “na verdade”, ficou “bastante nervoso”, tanto que até o paciente percebeu. Porém, conseguiu êxito na missão, passando então a monitorar os sinais vitais do sr. Antônio.
O recém-formado lembrou que sua mãe tinha insuficiência cardíaca e chegou em um ponto que não havia outra solução que não fosse o transplante. No período em que ela esteve no CTI, o filho a acompanhou. Foi quando descobriu sua vocação e disse que seria médico, para que pudesse retribuir, mudando o destino de outras pessoas. Passou em primeiro lugar no vestibular, mas nem comemorou direito, tamanha a preocupação com Dona Eliana Maria. “Alguém doou o coração para a pessoa mais importante da minha vida. Me senti em dívida e, se eu pudesse pagar de alguma forma, seria fazendo isto por outras pessoas também”, declarou João Francisco.
Contra o stress, motociclismo! Pode ser um paradoxo, mas este é o esporte predileto de Celso Prates Dias, Residente em Ortopedia, que está no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde trabalha arduamente para dar asas ao sonho de ser um grande profissional da área que escolheu. Para isto, os plantões realizados como R1 o têm levado a abrir mão de prazeres, como andar de moto, principalmente nas estradas de terra. Apenas se pergunta se ainda conseguirá continuar fazendo isto.
A cirurgia enfocada no episódio é com um renomado cirurgião de mão. O paciente Francisco tem uma lesão no quarto dedo da mão esquerda, apresentando “o dedo em botoeira”. Na microcirurgia, Celso começa de maneira bem simples, auxiliando o trabalho do médico, lavando as mãos e as unhas do enfermo com degermante e jogando soro na ferida. Tudo feito com bastante cuidado e o Residente sabe da importância disso, para que o líquido não seja excessivo. Tem que estar consciente do que faz para não se retirado da cirurgia, ainda que as tarefas possam ser aparentemente mais simples. Pelo que realizou, conseguiu impressionar o cirurgião.
R1 no Albert Einstein, Marcelli Tainah Marcante realiza estágio no Hospital Municipal M Boi Mirim, na periferia de São Paulo. Bem humorada, ela diz que “são vários estágios: tem o estágio da fome, tem o estágio da sede, tem o estágio do sono, tem o estágio de dor no pé…”
Focalizada em seu segundo atendimento no plantão de Cirurgia Geral, atende um paciente que chegou bastante debilitado e com uma dor abdominal difusa, já com um histórico de diagnóstico de câncer no intestino grosso. Está ciente de que é preciso tomar alguma medida para melhorar o bem estar do sr. Matias naquele momento. Quando o levaram para a cirurgia e abriram, constataram o estágio avançado do câncer. De imediato, o cirurgião já diz para Marcelli que terá que comunicar à família que não havia mais recurso terapêutico, cabendo no caso apenas lhe proporcionar conforto, somente tirar a dor, pois não há mais nada a ser feito. Sem solução terapêutica, ela comunica o fato para a irmã do enfermo. E se revela profundamente abatida. “O câncer ainda é uma doença que assusta um pouco, uma doença para mim enigmática”, disse.
Nada lhe restava, a questão era apenas confortar os familiares e sentiu-se meio impotente, porque “não fiz mais do que queria fazer. Eu queria poder ter feito mais e fiquei me sentindo meio culpada”. Às 18 horas, Marcelli está cansada, mas pronta para a terceira cirurgia. Consciente do que lhe espera na escolha da profissão, sentencia: “Médico não fica doente, médico não tem gripe, não tem dor, médico a mulher não tem cólica. Medicina é isso: vale a pena passar por tudo isso para poder ajudar um pouco mais do que eu consegui ajudar naquele momento”.