No terceiro episódio da série Residentes 1, apresentado na noite de ontem, 17, pelo programa “Fantástico”, na Rede Globo, os médicos recém-formados foram desafiados a assumir pela primeira vez o bisturi. Foi o momento crucial em que puderam mostrar o que aprenderam até o momento e evidenciar suas responsabilidades.
Se você não viu ou quer ver novamente, assista abaixo ou clique aqui:
Veja também:
1º episódio de ‘Residentes 1’
2º episódio de ‘Residentes 1’
4º episódio de ‘Residentes 1’
5º episódio de ‘Residentes 1’
A R1 de Cirurgia Geral no Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Marcelli Tainah Marcante, teve uma aula para aprender a fazer uma cirurgia robótica em um simulador. Seu fascínio pela Medicina vem desde pequena, se interessando pelo funcionamento do corpo humano. Lembrou-se dos tempos em que ia para a fazenda e, sempre que havia algum animal abatido, queria mexer em seu intestino. No estágio, após o orientador explicar que aquele seria um exercício bem intuitivo, ela acreditava que se daria bem, pois o simulador “é bem parecido mesmo com um videogame, tanto é que eles falam que essa nova geração tem um pouco mais de facilidade até por causa do videogame”. Seu orientador também pensava que ela passaria fácil, sendo aprovada em todos os quesitos. Mas, Marcelli foi reprovada por 5 a 2. Então, foi aconselhada a treinar mais, estudando e procurando fazer o menor trajeto, economizando movimentos para ganhar tempo.
Na parte prática, foi para o Hospital Municipal de M’Boi Mirim, na periferia de São Paulo, pedindo autorização ao cirurgião-geral Leandro Machado para operar uma paciente que precisava tirar pedras na vesícula. Um procedimento complexo, ela sabia: “É de R2, alguém que tenha mais experiência, não eu, com seis meses de residência, mas eu estava morrendo de vontade de fazer essa cirurgia”. Leandro questionou se ela achava que conseguiria realizar a colecistectomia da paciente. “Eu acho que eu me preparei… mas eu acho que com sua ajuda eu consigo fazer”, respondeu. Para Leandro, Marcelli “tem a mentalidade de uma cirurgiã. Normalmente, ela compra o desafio. Hoje a gente vai ver se ela consegue fazer até o fim”. Permissão dada, as luzes do centro cirúrgico se apagaram e ela admitiu depois que sentiu um pouco a pressão. Afinal, estava em suas mãos e tinha que começar. E foi bem, sendo cumprimentada ao final da missão: “Foi demais ele acreditar”, comemorou feliz da vida.
Dra. Virgínia Moreira Braga faz Residência em Oncologia no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. De tanto ver, teme a doença, confessa. Mas, encara o desafio e leva adiante seu sonho. A paciente Ana Maria Carolina está sob seus cuidados e desde 2004 enfrenta uma batalha contra o câncer, um tumor complicado e disseminado em seu corpo. Há um ano recebeu o diagnóstico de que só teria três meses de vida, mas superou todas as expectativas de seus médicos e sobreviveu. Há quatro meses vem sendo monitorada. Não podia ser operada, porque estava com uma forte pneumonia, e agora realizará novos exames de controle, a fim de compará-los com os mesmos de quatro meses antes. Virgínia demonstra apreensão, porém, os resultados são positivos, demonstrando que a doença estacionou.
“Fazer um tratamento oncológico é uma batalha, deixar uma doença num período de quatro meses estacionada é uma vitória, sim”, comemorou. Dona Ana Maria foi sua primeira paciente, com uma doença que perdeu o controle e veio de uma forma mais agressiva, explicou, acrescentando que “era para ser de uma forma simples e acabou que foi complicando”. Para ela, “a Oncologia é uma área muito difícil, porque você lida com morte, perdas. Eu tenho medo de ter câncer. Eu tenho medo, a gente vê tanto…” Sua paciente faleceu após a gravação do episódio do último domingo. Antes de realizar seus últimos exames, Dona Ana Maria deixou no programa sua mensagem de fé: “Cancerosa, sim. Tombada, nunca”. Naquela ocasião, feliz com o resultado, presenteou Virgínia com uma rosa.
Dr. Celso Prates Dias, Residente 1 em Ortopedia no Hospital das Clínicas de São Paulo, pensava que sua escolha seria mais tranquila. Nada disso! De cara, em seu estágio no Hospital M’Boi Mirim, na periferia da cidade, teve pela frente uma cirurgia de um senhor de 60 anos que caiu de uma escada. Antes, foi duramente sabatinado pelo ortopedista, Dr. Bruno Brabo:
– Estudou?
– Estudei. Certinho.
– Vamos lá, você vai operar.
O interrogatório prosseguiu, com o ortopedista pedindo-lhe para apresentar o caso e depois ensinando-lhe o caminho das pedras:
– Você é R1, você acha que tem habilidade para operar rápido, com garrote, dois ossos do antebraço. Se você não operar rápido, é melhor sem garrote.
Diante da explicação, Dr. Celso repensa sua decisão e, ao compreender a dificuldade da situação, decide realizar a cirurgia sem garrote. Terminada a operação, os médicos sorriem e o R1 recebe uma nota “8,5/9”. Mesmo com a pressão do interrogatório, ele sorri e compreende que os médicos “falam o que precisa ser falado”.