Muitas vezes, não é só tecnologia e nem os remédios. Muitas vezes, para amenizar o sofrimento, o mero silêncio, saber escutar, olhar nos olhos ou dizer palavras afetuosas são muito mais importantes que ministrar medicamentos. Por isso, tenha empatia com seus pacientes!
A relação médico-paciente é tema recorrente e em voga entre os profissionais de saúde, sejam médicos ou enfermeiras, revelando a necessidade de se repensar condutas e tratamentos. A figura do antigo médico de família volta e meia é invocada, principalmente por pacientes mais idosos.
A empatia que estas pessoas tiveram oportunidade de conhecer de perto, repassando a experiência para filhos e netos, é uma qualidade que parece ter se perdido no tempo. Hoje, muitos pacientes reclamam da falta de sintonia e do distanciamento dos médicos, com observações que vão desde o “ele sequer tocou o meu braço para me examinar” até o “ela fez a consulta sem olhar no meu rosto”.
As críticas se acentuam com a superficialidade e a rapidez das consultas, da falta do saber ouvir, pois ver os exames de Raios-X e de sangue são considerados mais importantes do que ouvir lamúrias de um paciente.
A Medicina tem como objetivo curar os enfermos, ou pelo menos minimizar o sofrimento. Em tom de piada, muitos criticam o fato de médicos se sentirem como Deus, com muitos inclusive acreditando. Mas, seu poder curativo, assim como das drogas e tratamentos, tem limites na finitude do ser humano. E muitos sabem até onde podem ir.
Se o paciente é levado pelas dores a refletir sobre sua fragilidade, os médicos também compadecem do sofrimento e de sua incapacidade diante do impossível, quando não existem mais possibilidades terapêuticas a se recorrer. Afinal de contas, os médicos também são de carne e osso, com problemas pessoais e conflitos como qualquer ser humano; não estão imunes à tensão emocional, ao estresse e à dor.
Se paciente e médico são desconhecidos, a dor é o primeiro laço a uni-los, trazendo consigo a esperança do paciente, confiante na ciência e dedicação do médico para curá-lo. Na outra ponta estão o desejo e a vocação do profissional para sanar ou pelo menos minimizar o sofrimento. A confiança no médico é fundamental para estabelecer e sedimentar as bases de uma aliança em prol de um tratamento vitorioso. Uma relação humana, firmada na transparência e na ética.
Pesquisadores das Universidades do Colorado, nos Estados Unidos, e de Haifa, em Israel, constataram a importância do contato das mãos do médico com o paciente. Além de permitir a sincronização de suas respirações e da frequência cardíaca, também é possível sincronizar as ondas cerebrais, contribuindo para reduzir parte do sofrimento daquele que está na agonia da dor.
Principal responsável pelo estudo, o pesquisador Pavel Goldstein destacou que o trabalho desenvolvido por eles é importante para demonstrar a falta de contatos físicos no presente. O contato humano, segundo ele, é necessário principalmente por envolver a saúde e o estado de espírito de uma pessoa.
A esta sintonia os cientistas das instituições do Colorado e de Haifa chamaram de “sincronização interpessoal”, em que as pessoas se parecem fisiologicamente com as pessoas com quem estão. O que chama atenção, porém, é que esta foi a primeira investigação preocupada em analisar a sincronização das ondas cerebrais no contexto da dor.
Uma outra pesquisa, desenvolvida por cientistas da Universidade de Miami, nos EUA, revelou que, quando o médico e os pacientes apresentam semelhanças sociais e culturais, a dor e a ansiedade dos seus pacientes são reduzidas.
Cientistas da Universidade de Michigan, também nos EUA, foram além no trabalho “Patient-centered interviewing is associated with decreased responses to painful stimuli: An initial fMRI study”, analisando as reações de nove mulheres. Segundo Issidoros Sarinopoulos, coordenador da pesquisa e professor de Radiologia, os pacientes têm maior confiança e demonstram mais satisfação durante as consultas nas quais os médicos os deixam à vontade para se expressar. É quando podem relatar preocupações e aspectos além dos clínicos que afetam a saúde.
Para ele, a relação entre médico e paciente, sedimentada na empatia e na confiança, além de deixar o paciente à vontade durante a consulta, é fundamental porque também altera a sua resposta ao stress e aumenta a sua tolerância à dor. Diante da constatação de que os médicos mais atenciosos e cuidadosos têm alcançado melhores resultados, ele explicou que o mecanismo biológico responsável por isso ocorrer era, até então, desconhecido. “Nosso estudo é o primeiro a analisar essa relação a partir de um ponto de vista neurobiológico”, enfatizou.