No último dia 28, a Portaria nº 849 do Ministério da Saúde incluiu a Musicoterapia, profissão da área da Saúde que utiliza elementos da música para atender, com propósito terapêutico, as necessidades físicas, emocionais, cognitivas, sociais e espirituais dos indivíduos de todas as idades, na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).
Criada em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde já havia instituido no Sistema Único de Saúde (SUS) algumas abordagens da Medicina Alternativa, como Fitoterapia, Acupuntura e Homeopatia.
Também foram anexadas ao rol: Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Ioga.
Veja abaixo a matéria do Globo Repórter sobre Musicoterapia:
A Musicoterapia vem sendo aplicada em inúmeros hospitais, clínicas e centros de reabilitação para a integração física, psicológica e emocional. Além de ser utilizada na maioria das APAEs, vem sendo implantada nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e nos Centros de Atendimento Psiquiátrico para adultos e crianças, além de Hospitais e Centros de Neurologia, em Organizações Não-Governamentais (ONGs) e em escolas especiais.
Ao falar diretamente ao sistema límbico do cérebro, a música tem efeito direto nas emoções, influenciando na motivação e na afetividade. Além de fazer bem para a alma, cada vez mais é disseminada a ideia de que a música é boa para o corpo, podendo ser um importante aliado no tratamento de diversas enfermidades: “Mens sana in corpore sano” (“Uma mente sã em um corpo são”), apregoa a famosa citação latina.
Aceita cientificamente, a Musicoterapia proporciona uma melhoria na qualidade de vida e atende as necessidades de crianças e adultos com deficiências ou doenças. A atividade deve ser exercida por um profissional legalmente habilitado para a prática.
Cabe ao musicoterapeuta desenvolver técnicas para que o paciente alcance uma condição de bem-estar, diminuindo seu estresse emocional e aliviando suas dores. Além disso, ao trabalhar com inúmeras situações individualmente ou com grupos, pode ajudar os pacientes a expressar sentimentos e reabilitá-los fisicamente.
Com entrevistas pessoais e muita observação, está capacitado para desenvolver ações que possam melhorar a memória, a comunicação e a socialização deles, alcançando avanços na qualidade de vida.
As alterações positivas são registradas no corpo em função dos ritmos da música e diversos estudos já comprovaram isso, como a American Music Therapy Association-AMTA (EUA) e a World Federation of Music Therapy-WFMT (Gênova – Itália). Um estudo apresentado recentemente na American Society of Hypertension – ASH apontou que a música pode até mesmo baixar a pressão arterial e o ritmo cardíaco, auxiliando no tratamento de hipertensos e atuando na prevenção de doenças cardiovasculares.
Seus efeitos benéficos podem até mesmo aumentar a produção de endorfina, o que favorece sua utilização para combater a depressão, o estresse e a ansiedade. Da mesma forma, pode aliviar os sintomas de doenças como hipertensão e câncer e ser também importante aliado no tratamento de pacientes com dores crônicas.
A Musicoterapia pode ser benéfica ainda para o tratamento de:
Não existe regra, um roteiro pré-definido para o tratamento. Embora muitas pessoas acreditem que existe um ritmo certo para relaxar ou animar uma pessoa, por exemplo, não é bem assim. Junto ao musicoterapeuta, é o paciente quem dará as cartas ao escolher as músicas, aquelas que têm um significado para sua história pessoal de vida e conforme o seu gosto. A partir daí, paciente e terapeuta estabelecerão como deverá transcorrer o tratamento, conforme as necessidades do paciente e os objetivos que pretende alcançar.
Em uma sala destinada especialmente para as sessões individuais ou em grupo e com acústica adequada, a terapia será realizada tanto com música quanto com recursos sonoros, incluindo vozes, instrumentos e ruídos. Durante a dinâmica, o musicoterapeuta fará todas as anotações necessárias acerca das reações do paciente diante de cada som. Com a documentação armazenada poderá comparar, depois, os resultados obtidos com seu projeto inicial. Segundo atestam os profissionais, os resultados podem ser sentidos após 10 dias.
Co-fundador da MedRhythms, startup de terapia musical sediada em Boston (EUA), o terapeuta Brian Harris desenvolve tratamentos que possam ser aplicados na área cognitiva, da memória e do movimento.
Baseado em seu conhecimento científico e na prática adquirida, disponibiliza serviços para residências e hospitais, tendo a música como instrumento de cura para as doenças com as quais se depara no dia a dia. Ele chegou a dois importantes referenciais para desenvolver o trabalho na empresa: a habilidade que a música tem para estimular uma gama diferente de partes no cérebro e o benefício da música na neuroplasticidade, com o cérebro criando constantemente novas conexões e fortalecendo as antigas.
No site da MedRhythms existem inúmeros vídeos comprovando a eficácia dos tratamentos. Sua equipe trabalha com pacientes que se recuperam, por exemplo, de lesões cerebrais, Mal de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Mal de Huntington.
O objetivo de Brian Harris é disponibilizar uma tecnologia capaz de tornar o tratamento ainda mais humanizado, que poderá ser através de um jogo ou um aplicativo de fácil utilização por qualquer pessoa e em qualquer lugar. Atualmente, desenvolve produtos de software e hardware.