A administração de medicamentos é um processo complexo que envolve vários profissionais de saúde e deve ser realizada de forma segura, com o objetivo de reduzir a ocorrência de possíveis eventos adversos.
Segurança do Paciente é definida pelo Ministério da Saúde (MS) como a “redução a um mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado em saúde” . Este dano diz respeito ao comprometimento de estruturas ou funções do organismo humano, seja físico, social ou psicológico.
A publicação “Erros na administração de medicamentos: evidências e implicações na segurança do paciente”, apontou, após uma revisão integrativa, os tipos de erros encontrados e sua representatividade em percentual. (Gomes et al, 2016)
Dose errada | 67,5% |
Medicação errada | 62,5% |
Paciente errado | 52,5% |
Horário errado | 50% |
Via errada | 42,5% |
Erro documental | 40% |
Omissão na administração do medicamento | 36% |
Técnica incorreta | 32,5% |
Não observação de reações medicamentosas | 15% |
Velocidade errada | 10% |
Medicamento vencido | 5% |
Volume errado | 2,5% |
Distração durante a administração | 2,5% |
Acredito que, se cada profissional investisse um pouco de tempo para utilizar a metodologia de segurança na aplicação de medicamentos (9 certos), esses percentuais reduziriam drasticamente.
Para certificar-se que a medicação será administrada no paciente certo, preconiza-se:
– Utilizar dois identificadores (como nome do paciente e data de nascimento)
– Questionar ao paciente, confirmar com a pulseira de identificação.
– Verificar se o nome corresponde ao nome identificado no leito, nome identificado no prontuário e nome identificado na PRESCRIÇÃO MÉDICA.
– Evitar dentro do possível internar duas pessoas com nomes similares na mesma enfermaria.
– Evitar, dentro do possível que o mesmo funcionário seja responsável pela prestação da assistência de enfermagem a dois pacientes com nomes similares.
Esta etapa abrange:
– Conferir se o nome do medicamento que tem em mãos é o que está prescrito. Antes de administrar, deve-se conferir o nome do medicamento com a prescrição médica.
– Averiguar alergias. Pacientes que tenham alergia a alguma medicação devem ser identificados com pulseira e aviso no prontuário. Se houver associação de medicamentos (buscopam composto= dipirona + escopolamina), deve-se certificar-se de que o paciente não é alérgico a nenhum dos componentes.
Em relação a via certa, devemos:
– Verificar se a via de administração prescrita é a via tecnicamente recomendada para administrar determinado medicamento.
– Verificar se o diluente (tipo e volume) foi prescrito.
– Analisar se o medicamento tem compatibilidade com a via prescrita. Ver identificação da via na embalagem.
– Avaliar a compatibilidade do medicamento com os produtos utilizados para sua administração (seringas, cateteres, sondas, equipos, e outros).
– Esclarecer todas as dúvidas com a supervisão de enfermagem, prescritor ou farmacêutico previamente à administração do medicamento.
As medicações devem ser administradas sempre na hora prescrita, evitando atrasos. Nesta etapa devemos lembrar que:
– A medicação deve ser preparada na hora da administração, de preferência à beira leito.
– Em caso de medicações administradas após algum tempo do preparo devemos atentar para o período de estabilidade (como quimioterápicos) e também para a forma de armazenamento.
– A antecipação ou o atraso da administração em relação ao horário predefinido somente poderá ser feito com o consentimento do enfermeiro e do prescritor.
Esta etapa, assim como todas outras é crucial. Abrange:
– Conferir atentamente a dose prescrita para o medicamento. Doses escritas com “zero”, “vírgula” e “ponto” devem receber atenção redobrada, conferindo as dúvidas com o prescritor sobre a dose desejada, pois podem redundar em doses 10 ou 100 vezes superiores à desejada.
– Verificar a unidade de medida utilizada na prescrição, em caso de dúvida ou medidas imprecisas (colher de chá, colher de sopa, ampola), consultar o prescritor e solicitar a prescrição de uma unidade de medida do sistema métrico.
– Conferir a velocidade de gotejamento. Realizar dupla checagem dos cálculos para o preparo e programação de bomba para administração de medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância.
O registro de todas as ocorrências relacionadas a administração de medicações é um importante instrumento para garantir a segurança do paciente na continuidade dos cuidados. Lembre-se, você não estará lá no próximo turno para esclarecer dúvidas! Então anote com atenção, clareza e detalhes importantes. Registre:
– Na prescrição o horário da administração do medicamento e cheque!
– Na anotação de enfermagem, registre o medicamento administrado e justifique em casos de adiamentos, cancelamentos, desabastecimento, recusa do paciente e eventos adversos.
A orientação correta refere-se tanto ao profissional quanto ao paciente!
Qualquer dúvida deve ser esclarecida antes de administrar a medicação
De acordo com os 10 passos para segurança do paciente, o paciente também é uma barreira para prevenir erros e deve ser envolvido na segurança de sua assistência! Devemos informar o paciente sobre qual medicamento está sendo administrado (nome), para que “serve” (indicação), a dose e a frequência que será administrado.
Esta etapa está relacionada com a forma farmacêutica do medicamento. Devemos:
– Checar se o medicamento a ser administrado possui a forma farmacêutica e via de administração prescrita.
– Checar se a forma farmacêutica e a via de administração prescritas estão apropriadas à condição clínica do paciente (por exemplo, se o nível de consciência permite administração de medicação por via oral – V.O).
Nessa última etapa devemos observar cuidadosamente o paciente, para identificar se o medicamento teve o efeito desejado. Registrar em prontuário e informar ao prescritor, todos os efeitos diferentes (em intensidade e forma) do esperado para o medicamento. Devemos considerar o que o paciente ou familiar relata e nunca menosprezar ou desprezar as informações concedidas.
A atualização constante, principalmente ligada à farmacologia, minimiza a possibilidade de erros, consequentemente, reduzindo os prejuízos à integridade dos pacientes e os custos hospitalares desnecessários.
Fontes: portalenf.com e enfermeiroaprendiz.com.br