No 4º episódio da série Tudo pela Vida, o programa “Fantástico” da Rede Globo apresentou na noite de domingo (13/08) o trabalho de duas médicas veterinárias que se desdobram para salvar a vida dos animais ou para lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida. As cenas foram gravadas no Hospital Público Municipal Veterinário de São Paulo, no Tatuapé, Zona Leste da capital, um dos dois únicos hospitais públicos veterinários do Brasil.
A exemplo das instituições destinadas ao tratamento de pessoas, a rotina ali é intensa, com a sirene da emergência soando repetidamente, com os funcionários correndo de um lado para outro, a fim de dar conta do número de pacientes.
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Capítulo anteriores:
Primeiro episódio da série “Tudo pela Vida”
Segundo episódio da série “Tudo pela Vida”
Terceiro episódio da série “Tudo pela Vida”
Nino, um cachorro de rua, foi atropelado e é o primeiro a ser enfocado, mas já não apresenta batimentos cardíacos. Há 30 anos, ele dormia na garagem do Sr. José Costa e da D. Eva. “A gente tentou salvar a vida dele. Vai sentir muito sua falta”, afirma ele, que é consolado pela Dra. Rebeca Nhan Chaves, dizendo que eles fizeram o possível pelo bichano.
“Sinto muito mesmo. É muito difícil a gente ver a perda de uma vida. Eu sempre tive muitos animais em casa, nasci, cresci e estudei para isto”, afirma. Ela é focalizada junto de 11 cães e diz que em casa tem outros seis.
A Dra.Rebeca está entre os 52 médicos veterinários de uma das unidades do hospital, que atende diariamente cerca de 100 animais. A gatinha Princesa foi resgatada das ruas por Tainara Novenk há uma semana e, após ser atropelada, está com dificuldades respiratórias e sob seus cuidados. O raio-X mostrou ar fora dos pulmões, um indício de que um dos órgãos foi lesionado, podendo provocar uma parada respiratória, sendo necessário agir rápido.
A médica explica que precisará entrar com uma agulha, retirar o ar que está fora do lugar para que Princesa respire melhor. O procedimento é realizado e ela revela que “deu tudo certo, ela ficou super estável. O ultrassom dela está ótimo”. A menina Eduarda Novenk, de 6 anos, afirma que “eu gosto muito dela, por isso que ela tem que ficar bem”.
Diretor do Hospital, o Dr. Lucas Freitas ressalta que “todos os veterinários aqui de dentro estão no campo de batalha. Não existe nenhum hospital a nível nacional que atenda o volume de pacientes que a gente atende e um volume de pacientes crítico. O hospital surgiu para tratar o cachorro da população de baixa renda, são pessoas que não teriam acesso de jeito nenhum a qualquer clínica veterinária”.
O pedreiro Marcos Antônio Silva, de 49 anos, recebe a notícia de que sua poodle Anabela não pode receber a transfusão de sangue, pois é preciso que o doador tenha 25 quilos. Uma bolsa de sangue, em um laboratório particular, custa 260 reais.
Desempregado, não perde a fé e quem lhe dá esperança é o sobrinho Braier Alexandre Bruno, que surge carregando Thor. O rapaz chora ao saber que seu imenso chow chow, compatível com Anabela, precisa ser sedado e que correrá risco na retirada de sangue da jugular. Cirurgiã geral de pequenos animais, a Dra. Gabriela Stok Tosato está há um ano e meio no hospital. Ela ajuda na coleta do sangue e tranquiliza o jovem de que não há perigo. Tudo corre bem.
Anabela se recupera da anemia, mas sua barriga está muito inchada e ela é levada para o ultrassom. Está com o pâncreas inflamado e o fígado aumentado, além da vesícula um pouco alterada, com suspeita de doença hormonal. Marcos se exaspera, mas a Dra. Gabriela pede para ele se acalmar, pois estão fazendo tudo por ela e é necessário confirmar o diagnóstico através de um exame.
O problema é que, embora exista tratamento, o hospital não disponibiliza. O custo é de 200 reais e Marcos não desiste, conseguindo o dinheiro após fazer uma campanha de doação nas redes sociais. “Enquanto há vida, há esperança, e enquanto há esperança, há luta”, afirma.
Outra paciente da Dra. Gabriela é a Pitchuka, uma yorkshire que sente muita dor e não pode se mexer. A médica suspeita de acúmulo de sangue no útero. D. Ivonete diz que havia passado por uma clínica particular que cobrou 3 mil reais para operar o animal. A médica retira os órgãos para evitar um possível câncer de mama e declara: “Para mim é muito importante tentar resolver aquele problema para que aquele animal tenha uma qualidade de vida depois da cirurgia”.
Para evitar problemas dessa natureza, os veterinários orientam que as cachorrinhas sejam castradas a partir dos seis meses de vida, com a retirada do útero e dos ovários. Ao terminar, Dra. Gabriela diz para Ivonete que “foi tudo bem, graças a Deus”. Coordenador da Anestesiologia, o Dr. Luiz de Oliveira Junior destaca que a cirurgiã “passa uma certa tranquilidade, um carinho, um amor pelo bicho, um amor à profissão na realidade”.
A médica é vista, após a operação, ajudando na recuperação de Pitchuka, empunhando um secador de cabelos. Segundo ela, isto “é comum. Eles perdem temperatura depois da anestesia, então agora a gente precisa reaquecer”.
Para ela, “é muito gratificante fazer parte desse momento da vida daquele paciente, porque ele não consegue expressar o que ele pensa, mas saber que pelo menos a gente consegue dar uma qualidade de vida melhor para ele”, ressalta. Ela tem três cachorros, sendo um yorkshire, como a Pitchuka. Ivonete, que entrou chorando, deixa o hospital sorrindo, com o animal ainda sedado no colo, dizendo que nasceu de novo.
– A gente tem amor, né… na profissão, em casa, não tem jeito, a gente convive o dia inteiro – acrescenta a Dra. Gabriela.
– Ser médica veterinária para mim é um orgulho, é uma felicidade e é um desafio. Eu tenho certeza que eu não faria outra coisa – declara a Dra. Rebeca.