O programa “Fantástico” da Rede Globo apresentou na noite de ontem (30/07) o 2º episódio da série Tudo pela Vida – Quando o remédio é tentar o impossível”. O médico Drauzio Varella foi ao ABC Paulista mostrar a realidade do Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo e apresentou ao Brasil a rotina de trabalho da médica obstetra Roberta Kronemberg. Um dos objetivos da série é revelar que também existem médicos dedicados, que servem de exemplo e referência para tantos outros.
Especializada em gestações de risco, aos 36 anos, a médica realiza o sonho acalentado desde criança e exala felicidade ao declarar que “faço parte de um momento importante da vida da mulher e tento que seja o mais feliz da vida dela. Eu sou a primeira pessoa com quem o nenê tem contato. Recepcionar uma pessoa no mundo é emocionante”. O que ela espera continuar fazendo até com 80 anos de idade.
A série será exibida todo domingo durante o “Fantástico”. Assista abaixo o segundo episódio.
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Veja (ou reveja) o primeiro episódio da série “Tudo pela Vida”.
No primeiro caso apresentado ontem, Roberta atendeu Sunamita Leal (23 anos), que teve uma gravidez tranquila, mas faltando um mês e meio deu entrada no hospital sentindo muitas dores no estômago e com a pressão alta. Um quadro perigoso para a grávida, que colocou a obstetra em alerta diante do risco dela convulsionar e trazer risco para o bebê. A paciente veio fazer uma ultrassonografia de rotina e descobriu que estava perdendo líquido amniótico. Então, os médicos decidiram induzir o parto normal. Após o nascimento, Roberta explicou toda a situação: “Ela nasceu com 900g e foi levada para a UTI porque é muito pequenininha, mas ela está bem”. Dois meses depois, o bebê pesa quase 1,700g.
Muitas vezes, a médica tem que desempenhar outras funções, evidenciando sua entrega para que as grávidas tenham um atendimento tranquilo. Assim, ela é flagrada pela câmera fazendo massagem nas costas de Evelyn Valentim (23 anos): “Estou fazendo massagem, que alivia um pouquinho as costas. Eu estou aqui de acompanhante da Evelyn, agora não estou de médica”, diz. Evelyn, toda feliz e abraçada ao nenê, afirma: “O carinho que ela teve, até ele me abraçar, fazer massagens, me relaxou demais”. Silvana Giovanelli, coordenadora da Obstetrícia, reforça: “Ela é muito acolhedora, tem um relacionamento muito estreito com o paciente”.
O tratamento diferenciado evidencia o desejo de ser médica desde pequena. Ela nunca está parada. Mais um pouco e é vista correndo para a Sala Vermelha, pois os partos prematuros também são sua especialidade. Dentro do elevador, conversa com Tamires Rocha (24 anos) e brinca para descontrair, relembrando partos realizados em carros e elevadores. Drauzio Varella destaca que “o ideal é que a mulher discuta com o médico e faça o plano de parto já no pré Natal e leve esse plano escrito na hora de dar a luz”.
O marido de Tamires ficou com medo e não quis acompanhá-la no parto. Então, foi sua cunhada quem testemunhou o nascimento. Depois de acalmar a grávida e dizer que “está acabando”, Dra. Roberta perguntou-lhe: “Olha aqui, vamos conhecer o Jonathan? Mais uma força e acabou. Força!”. Jonathan veio ao mundo em seguida, sendo saudado pela médica como “Príncipe”.
Uma experiência bem diferente do nascimento de Vítor, quando Tamires passou por um procedimento traumatizante, pois mesmo sendo um parto normal, o médico utilizou o fórceps para retirar o bebê. Na maternidade particular, não permitiram que alguém a acompanhasse. Para o Dr. Drauzio, “além de deixar a paciente mais tranquila, a presença de uma pessoa de confiança torna o parto menos imparcial”. Ele destaca que isto “está na lei: toda gestante tem direito a um acompanhante durante o trabalho de parto”.
Roberta Kronemberg participa ainda dos partos de baixo risco, que são conduzidos pelo enfermeiro obstetra com a ajuda do médico residente. A equipe do Hospital conta com o suporte das auxiliares de enfermagem. No episódio de ontem, ao receber sua filhinha, Amália Previtalli (21 anos) disse não ter palavras para agradecer a todos que participaram do parto.
A obstetra também colabora na administração da demanda de partos da instituição, que realiza cerca de 430 partos a cada mês, sendo 60% normais e 40% de cesáreas. Segundo Roberta, 15% são gestantes de alto risco e as principais causas das internações são infecções, diabetes e pressão alta.
Drauzio Varella questiona a médica obstetra: “É possível ter maternidade pública que atenda pelo SUS e ainda assim consiga dar um bom atendimento com todas as limitações?” Ela é incisiva na resposta: “Acho. É preciso mais estrutura, mas acho que quando tem profissionais que são mais dedicados e que gostam do que fazem, isto faz toda a diferença”.
Problema
O único parto que terminou em insucesso foi o de Débora Araújo da Silva (26 anos), que era considerado de alto risco, pois a placenta apresentava problemas que reduziram a circulação sanguínea do cordão umbilical. O bebê parou de crescer e não resistiu, morrendo dentro do útero. Dra. Roberta conversou antes com a grávida e expôs o dilema, alertando para o risco dele. O grande dilema era retirá-lo prematuro, com ele pesando apenas 450g. Mas, ela não parou de pensar no parto depois disso e investigou o caso: existe tratamento e Débora vai tentar engravidar novamente, daqui a seis meses.
Sexta cesárea
O último desafio foi o parto de Elaine Maziero (40 anos), que por questões religiosas não quer evitar filhos. “A gente acredita que Deus faz tudo certo”, justificou o marido Luciano. Já é sua sexta cesariana e a Dra. Roberta, mesmo respeitando a crença religiosa, alertou: “A bexiga está na metade da barriga”. Ela considera “frustrante, sim, mas também um aprendizado”. Se esta foi arriscada, uma sétima pode ser ainda mais perigosa, destacou o Dr. Drauzio.
– Deus me mandou um anjo, essa médica que realmente foi uma bênção, muito atenciosa, muito experiente – declarou Elaine.
A Série
Quatro episódios integram este trabalho, cujo intuito é revelar a realidade das emergências de hospitais públicos do Brasil, onde a falta de estrutura é um obstáculo sempre a ser vencido. Durante vários dias foram realizadas gravações em algumas instituições dos hospitais públicos de São Paulo e do Nordeste, para onde são levados diariamente milhares de brasileiros.